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Curso: Cosmologia e astronomia > Unidade 1
Lição 4: Big bang e a expansão do universo- Introdução ao Big bang
- Raio do universo observável
- Raio do universo observável (correção)
- Desvio para o vermelho
- Radiação cósmica de fundo
- Radiação cósmica de fundo 2
- Lei de Hubble
- Um universo menor do que o observável
- Como o universo pode ser infinito se ele começou a expandir 13,8 bilhões de anos atrás?
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Raio do universo observável
Raio do universo observável. Versão original criada por Sal Khan.
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Transcrição de vídeo
RKA4JL - Olá! Bem-vindos a mais
uma aula da Khan Academy Brasil. Nesta aula vamos falar sobre
o raio do universo observável. Atualmente, a melhor estimativa
de quando o Big Bang ocorreu... (E mais uma vez, eu não gosto muito desse termo,
pois implica algum tipo de explosão, mas é na verdade um tipo
de expansão do espaço). Então, continuando, quando o espaço realmente
começou a expandir de uma singularidade, nossa melhor estimativa de quando
isso ocorreu é 13,7 bilhões de anos atrás. Apesar de estarmos acostumados a lidar
com números na casa dos bilhões, especialmente quando falamos sobre grandes
quantias de dinheiro, entre outras coisas, essa é uma quantidade
de tempo inacreditável. Parece como algo que é manipulável,
mas na verdade não é. Em vídeos futuros eu vou falar
sobre as escalas de tempo, então você poderá ver que nós não conseguimos
entender quanto são 13,7 bilhões de anos. Eu também quero enfatizar que
esta é melhor estimativa atual. Mesmo ao longo da vida,
quando eu soube do Big Bang e comecei a prestar atenção em qual
era a melhor estimativa de tempo, percebi que esse número
costuma variar. Então eu suspeito que no futuro
ele possa ficar bem mais preciso, ou possa ser um pouco alterado. Mas esse número que temos agora
é o nosso melhor palpite. Agora eu quero pensar sobre o que isso nos diz a
respeito do tamanho do universo observável. Se toda a expansão do universo
começou há 13,7 bilhões de anos, e tudo que conhecemos do nosso universo
tridimensional estava em um único ponto, o mais longo tempo que qualquer fóton de luz
poderia estar viajando para nos alcançar agora... Primeiro, vejamos.
Aqui temos um olho. Se temos algum fóton de luz que esteja
apenas chegando ao meu olho, ou talvez esteja apenas chegando
à lente de um telescópio, o tempo mais longo que ele pode
viajar é 13,7 bilhões de anos. A dois ou três vídeos atrás, quando eu
estava falando do universo observável, desenhei um círculo.
Era este círculo aqui. Quando nós vemos a luz
vinda de objetos remotos, ela está chegando a nós bem aqui,
que é onde estamos, e aqui é onde acredito, nessa
figura, que o objeto remoto estava. Mas a luz daquele objeto remoto
só agora está chegando para nós. Isso quer dizer que a luz levou
13,7 bilhões de anos para chegar até nós. Porém, você não ouviu bem? Não se pode dizer que esse objeto aqui
está a 13,7 bilhões de anos-luz de distância. Se estivermos falando de escalas de tempo
menores, ou distâncias menores, você poderia dizer
"aproximadamente isso". A própria expansão do universo
não faria tanta diferença. Eu estou falando sobre um objeto ali, mas nós podemos até mesmo falar
daquela coordenada no espaço. Devemos dizer "coordenada no espaço-tempo"
porque estamos vendo em um certo instante também. Mas aquela coordenada não está a 13,7 bilhões
de anos-luz de distância de nossa coordenada a atual e há uma série de razões
para pensar sobre isso. Primeiro, pense: a luz que foi
emitida há 13,7 bilhões de anos, quando foi emitida nós estávamos muito
mais próximos daquela coordenada. Essa coordenada estava
muito mais próxima daquela. Onde estamos no universo, agora, estava
muito mais perto daquele ponto do universo. A outra coisa para pensar é...
Deixe-me desenhar. Então digamos que vamos para 300 mil anos
depois da expansão inicial da singularidade. Estamos a apenas 300 mil anos dentro
da história do universo, bem agora. Então isso é aproximadamente 300 mil
anos dentro da vida do universo. Acho que podemos colocar dessa maneira. Digamos que naquele ponto,
primeiramente naquele ponto, as coisas não haviam se diferenciado
de maneiras significativas ainda, como agora. Falaremos mais sobre isso quando
falarmos da radiação cósmica de fundo. Mas neste ponto o universo
era um tipo quase uniforme, formado de um plasma
de hidrogênio branco e quente. Mas em um vídeo futuro você verá
mais sobre esse assunto. Vamos pensar sobre dois pontos
nesse universo primitivo. Então, nesse universo jovem,
digamos que você tem aquele ponto, e digamos que você tem
a coordenada onde ele está agora. Eu não vou fazer no centro porque acredito que fica
mais fácil de visualizar se não estiver no centro. Digamos que nesse estágio
bem inicial do universo, se pudesse pegar uma régua
e instantaneamente medir isso, você mediria essa distância,
que seria 30 milhões de anos-luz. Digamos que, bem, neste ponto este objeto rosa, bem aqui,
emite um fóton, talvez na faixa de frequência
das micro-ondas e veremos que esta é a frequência
em que estavam sendo emitidos. Mas, emite um fóton. E esse fóton está viajando
na velocidade da luz. Ele é luz. Então, esse fóton diz:
"Ah, sabe de uma coisa? Eu só preciso viajar
30 milhões de anos-luz. Não é tão ruim. Eu vou chegar lá
em 30 milhões de anos." A matemática é realmente mais complicada
do que eu estou fazendo aqui, mas eu quero dar uma ideia
do que está acontecendo. Digamos que esse fóton diga: "Sabe,
em mais ou menos 10 milhões de anos, eu devo estar aproximadamente
naquela coordenada. Eu devo estar mais ou menos
a um terço da distância." Mas o que acontece no curso
desses 10 milhões de anos? Bem, nesses 10 milhões de anos
o universo se expandiu. O universo expandiu, talvez, um montão. Então eu vou desenhar
o universo expandido. Depois de 10 milhões de anos,
o universo deve parecer assim. O universo pode ter
se expandido um bocado. Então isso é 10 milhões
de anos para o futuro. Em uma escala de tempo cosmológica,
isso ainda é a infância do universo, porque estamos falando
de 13,7 bilhões de anos. Por isso, digamos que se passaram
10 milhões de anos. O universo expandiu. Esta coordenada, de que estamos
falando agora, está bem aqui. Aquela coordenada onde o fóton foi originalmente
emitido está, agora, colocada bem aqui, e aquele fóton diz: "Ok, depois de 10 milhões de anos-luz
eu vou estar bem ali." Você sabe, eu estou aproximando
e fazendo de uma maneira bem simplificada, pois eu quero apenas
dar a você uma ideia. Então aquela coordenada, grosso modo,
onde o fóton chega em 10 milhões de anos, está aproximadamente aqui. O universo inteiro expandiu. Todas
as coordenadas ficaram mais afastadas e o que acaba de acontecer aqui? O universo expandiu. A distância, que era
30 milhões de anos-luz, agora (e eu estou apenas trazendo
números aproximados) essa distância, agora, não é
mais 30 milhões de anos-luz. Talvez seja 100 milhões. Então isso, agora, é 100 milhões de anos-luz
porque o universo está expandindo. O espaço está, na verdade,
se espalhando. Você pode imaginar como
uma cama elástica, ou a superfície de um balão
esticando cada vez mais. Então essa coordenada onde a luz está
depois de 10 milhões de anos, ou seja, depois de ter viajado
por 10 milhões de anos, foi a uma distância muito maior. Talvez essa distância, agora,
seja 20 milhões de anos-luz, porque toda vez que se moveu
a alguma distância, o espaço que ela atravessou
agora está esticado. Então, mesmo que tenha viajado
por 10 milhões de anos, o espaço que ela atravessou não é mais
apenas 10 milhões de anos-luz. Ele, agora, esticado para
20 milhões de anos-luz e o espaço que ainda falta atravessar
não é mais apenas 20 milhões de anos-luz. Ele pode ser, agora,
de 80 milhões de anos-luz. Então este fóton pode
estar ficando frustrado. Há um jeito otimista
de ver isso, que é como? "Nossa, eu consegui cobrir 20 milhões
de anos-luz em apenas 10 milhões de anos. Parece que eu estou me movendo
mais rápido que a velocidade da luz". A verdade é que não está, porque as próprias coordenadas
do espaço é que estão se espalhando, estão ficando distantes. Então o fóton está
se movendo na velocidade da luz, mas a distância que realmente
atravessou em 10 milhões de anos é mais que 10 milhões de anos-luz.
É 20 milhões de anos-luz. Então você não pode simplesmente multiplicar
o tempo nessas escalas cosmológica aqui, especialmente quando as próprias
coordenadas estão, na verdade, se movendo mais longe uma da outra. Mas acredito que você
notou aonde isso vai. Agora, esse fóton diz: "Em outros 40 milhões de anos-luz,
talvez eu esteja chegando aqui". Mas a realidade é que nos próximos 40 milhões
de anos ele consigue chegar bem aqui, porque isso é 80 milhões de anos-luz. A realidade é que, depois de 40 milhões de anos,
então outros 40 milhões de anos se passaram, porque, de repente, o universo
se expandiu ainda mais. E então o lugar onde o fóton foi
emitido poderia estar aqui e agora nossa posição atual está aqui. O lugar onde a luz chegou depois
de 10 milhões de anos está, agora, aqui. E agora, onde a luz está depois
de 40 milhões de anos? Talvez aqui. Então a distância entre estes dois pontos, quando
nós começamos, era de 10 milhões de anos-luz e então virou 20 milhões de anos-luz. Talvez, agora, seja na ordem de... Não sei, talvez seja de
100 milhões de anos-luz e agora essa distância seja de,
sei lá, 500 milhões de anos-luz. Talvez, agora, a distância total entre os
dois pontos seja de um bilhão de anos-luz. Então como pode ver, o fóton
pode estar ficando frustrado. Conforme cobre mais e mais distâncias,
ele olha para trás e diz: "Nossa, em apenas 50 milhões de anos eu pude cobrir 600 milhões de anos-luz.
Isso é muito bom". Mas fica frustrado porque o que pensava
que tinha de cobrir, 30 milhões de anos-luz, fica esticando cada vez mais
pois o espaço está esticando. Então, na realidade,
voltando à ideia original, este fóton que está
agora nos alcançando e que esteve viajando por,
digamos, 13,4 bilhões de anos, está chegando agora.
Vou adiantar: 13,4 bilhões de anos deste ponto
para chegar ao dia atual. Agora eu vou desenhar o universo
visível inteiro bem aqui. Este ponto bem aqui será aquele
de onde foi emitido o fóton. Nós ficaremos aqui. Na verdade, vou colocar a gente no centro porque poderemos observar em distâncias
iguais em qualquer direção. Então este é todo o universo observável e o fóton foi emitido daqui
há 13,4 bilhões de anos. Então 300 mil anos
depois do Big Bang inicial. Agora está chegando até nós. É verdade que o fóton esteve viajando
por 13,7 bilhões de anos, mas o que é interessante
sobre isso é que este objeto, uma vez que estivemos nos
expandido mais longe um do outro, este objeto está agora, nas nossas melhores
estimativas, a 46 bilhões de anos-luz de nós. Eu quero deixar bem claro que ele está
agora a 46 bilhões de anos-luz de distância. Então, quando usamos
apenas luz para observá-lo parece que, apenas
baseados em anos-luz, essa luz esteve viajando por 13,7 bilhões
de anos para nos alcançar. Essa é nossa única maneira em relação
à luz para pensar em distâncias. Então talvez esteja a 13,4 bilhões
de anos-luz de distância. Mas a realidade é que se tivesse hoje
uma régua, tipo régua em anos-luz, você veria que o espaço se esticou tanto
que está agora a 46 bilhões de anos-luz. Para lhe dar uma dica, quando falamos
da radiação cósmica de fundo, como que esse ponto
no espaço se pareceria? Essa coisa aqui está, na verdade,
a 46 bilhões de distância, mas o fóton levou apenas 13,7 bilhões
de anos para chegar até nós, com o que isso vai se parecer? Bem, quando dizemos "parecer", estamos baseados nos fótons
que estão chegando até nos agora. Aqueles fotos saíram
há 13,4 milhões de anos. Então aqueles fótons são os fótons
sendo emitidos dessa estrutura primitiva, dessa névoa quente e branca
de plasma de hidrogênio. Então o que veremos é essa névoa ainda
não diferenciada nos devidos átomos estáveis, muito menos em estrelas e galáxias. A realidade hoje é que esse ponto no espaço,
que está a 46 bilhões de anos de agora, está provavelmente diferenciado em átomos
estáveis, estrelas, planetas e galáxias. E francamente, se aquela pessoa, se houver uma civilização lá agora
e eles estiverem bem ali, observando fótons sendo
emitidos da nossa coordenada, do nosso ponto no espaço neste
momento, eles não vão nos ver. Eles nos verão há 13,4 bilhões
de anos, ou seja, verão o estado super primitivo da nossa região do espaço
quando era somente um plasma branco e quente. Falaremos mais sobre isso no próximo
vídeo, mas pense a respeito. Qualquer fóton que esteja vindo daquele
período no tempo, de qualquer direção, que esteja viajando por 13,4 bilhões
de anos, de qualquer direção, virá daquele passado primitivo, ou teria sido emitido quando o universo
estava em seu estado primitivo, quando era apenas aquele
plasma branco e quente, essa massa indiferenciada. E, desejavelmente, isso vai lhe dar um senso
de onde vem a radiação cósmica de fundo. Essa foi a nossa aula. Espero que tenham
entendido tudo e até a próxima!