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Entendendo o surto do Ebola

O Dr. Rishi Desai é um pediatra especializado em doenças infecciosas e foi epidemiologista do Centro para Controle e Prevenção de Doenças, O Centers for Disease Control and Prevention (CDC), em inglês. Versão original criada por Rishi Desai.

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Transcrição de vídeo

- A doença do vírus Ebola tem sido notícia e hoje é 16 de setembro e quero marcar no calendário para acompanhar a situação a partir de hoje São esses países da África ocidental onde tem ocorrido a doença Nigéria, Libéria, Serra Leoa, Guiné e Senegal, que juntos computam mais de 4 mil pessoas doentes com Ebola e mais de 2 mil mortes pelo Ebola. Quero contrastar que a área geografica dos surtos anteriores era grande mas nenhum dos surtos passados se compara ao tamanho do surto atual porque geograficamente é diferente No passado foi mais na África central Há dois pontos importantes sobre o surto atual já que falamos da África central vale lembrar a origem do nome Ebola que é um rio da África central em cuja região em 1976 foi relatado o primeiro surto Foi na região do rio Ebola que se tem o primeiro surto. Para entender o surto atual e a magnitude devemos ampliar a visão e conhecer sua transmissão e disseminação na natureza Geralmente, esses animais que vou desenhar em verde são um dos animais suspeitos de diseminar a doença por aí suspeitam-se dos morcegos frutívoros De fato, eles ficam doentes com o Ebola vou desenhar em verde o morcego doente que vai disseminar a doença na comunidade A comunidade de morcegos se torna um reservatório natural. Chamamos de reservatório natural da doença ou do vírus É onde o morcego circula normalmente Não conheceríamos o Ebola se só afetasse os morcegos Não haveria porque se preocupar. Mas de vez em quando afeta os humanos Porque pode ser que uma pessoa tenha achado um morcego morto ou doente e resolva cuidar entrando em contato com sangue do morcego ou excrementos em suas mãos Se a pessoa tiver um arranhão ou ferida ou levar a mão à boca ou coçar os olhos ou nariz o vírus conseguirá invadir a pessoa. Esta é a nossa suposição para o primeiro caso em humanos. A primeira pessoa de um surto recebe um nome especial que é Caso Índice. Significa que essa é a primeira pessoa que ficou doente com o Ebola. Voltando ao calendário, se a pessoa ficar doente hoje, dia 16 os primeiros sintomas não apareceriam hoje eles surgirão alguns dias depois por até três semanas É de fato uma grande janela de tempo para os primeiros sintomas aparecerem Pode ser neste mês ou no próximo porque três semanas será em sete de outubro Geralmente os sintomas aparecem na janela de sete a dez dias, vou marcar. Aqui é o dia do primeiro sintoma o aparecimento não é imediato os primeiros sintomas são meio vagos algo como uma febrícula ou uma leve dor de cabeça ou dor muscular apenas sintomas genéricos de que você não está muito bem Nessa hora as pessoas pensam que é algum resfriado ou algo parecido e normalmente não buscam ajuda médica Enquanto isso o vírus se espalha pelo sistema imunológico e alcança diversos órgãos podendo causar problemas no estômago com vômito ou diarréia pode atingir os pulmões, vou desenhar e a pessoa começa a tossir pode causar erupções, dor muscular conjuntivite com vermelhidão nos olhos pode causar inflamação em torno do cérebro a meningite. Pode causar sangramento do nariz, boca e gengivas. De fato o sangramento é um sinal clássico por causa do vírus na corrente sanguínea O sangramento é um sinal muito importante e por causa da alta transmissibilidade as pessoas podem adquirir do sangue o termo para "vírus no sangue" é virêmico neste caso é o virus Ebola e hemo de sangue. Então "vírus no sangue" é virêmico A esta altura a pessoa sabe que tem que buscar auxílio médico Ao buscar ajuda médica, geralmente é feita a hidratação endovenosa, se necessário oxigênio se houver dificuldade de respirar se a pressão sanguínea estiver baixa pode-se fazer alguma medicação para ajudar a pressão voltar ao normal. São esses os procedimentos realizados Na África ocidental existem equipamentos de suporte em tendas médicas para atender pessoas com Ebola mas isso é tratamento de suporte Não existe medicação específica anti-Ebola e no dia de hoje, 16 de setembro, há várias pessoas pesquisando mas no momento só há tratamento de suporte para atender as pessoas doentes mas nada específico para atacar o vírus. O mais preocupante é que, vou destacar, mesmo com o cuidado de suporte num surto em média, a taxa de mortalidade é de 50% Ou seja, de cada duas pessoas uma morrerá é uma loteria, e é assustador. Se você aparecer com os sintomas e estiver esperando o resultado do Ebola é assustador saber que a metade das pessoas diagnosticadas irão morrer. É por isso que o mundo está em alerta intervindo e ajudando para tentar controlar esta doença. Além do cuidado de suporte outro aspecto importante a considerar é o controle da transmissão do vírus de uma pessoa a outra Vou desenhar uma segunda pessoa e a pergunta é: como o Ebola passa de uma pessoa para outra? Como exatamente o vírus se move? A resposta é: o vírus se move através dos fluidos corpóreos, que incluem sangue, vômito, diarréia, excrementos que são os principais, especialmente o sangue que é muito infectante também os excrementos e vômito por isso há muitos doentes. Os fluidos corpóreos também incluem a saliva e o suor. Mas os três primeiros que citei são os mais importantes. O sangue é interessante porque existe um estudo bem legal que ilustra como uma gota de sangue de um macaco com Ebola é suficiente para transportar um milhão de partículas de vírus e que seria capaz de infectar um milhão de macacos. A ideia é que uma única gota pode ser suficiente para dizimar uma população. Isso nos leva a crer que se uma gota de sangue ou fluido corpóreo atingir a mão dessa pessoa e se ela tocar a face o vírus pode invadir seu corpo pelo nariz, olhos ou boca. Ou se houver um pequeno corte o vírus alcançaria a corrente sanguínea através daquele corte. Há alguns caminhos curiosos que o fluido corpóreo pode percorrer mas precisa atingir uma pessoa para mais alguém ficar doente. O mesmo pode acontecer com o excremento e vômito. Outra pergunta que as pessoas fazem é sobre a transmissão aérea. Será que o vírus pode ser inalado ? É uma grande preocupação, será que o vírus está suspenso no ar? A resposta é não. O Ebola não se comporta como outros vírus como a rubéola, que são carreados pelo ar Quero deixar bem claro que o vírus Ebola não é carregado pelo ar. O que causa confusão é o espirro. Quando alguém espirra, sabemos como é, há a formação de muitas gotículas de muco que são arremessadas como uma chuva de gotículas. Você será atingido se você estiver na proximidade mas não alcançará quem estiver longe. Mas agora realize uma cena: alguém perto do ombro do doente, sendo atingida no rosto pelas gotículas Então pensaríamos: "uma pessoa foi atingida pela gotícula de uma pessoa com Ebola", mas lembre-se que a gotícula do fluido corpóreo foi o agente e não o fato de respirar o mesmo ar. Não é muito comum, mas não é uma doença de transmissão aérea. Outra observação a fazer é que pode-se pegar o vírus de uma superfície como uma mesa ou do chão. O vírus pode sobreviver numa superfície por dias a semanas. Isso é muito importante porque significa que se a área foi ocupada deve ser bem descontaminada para a remoção de todas as gotículas secas que atingiram as superfícies para assegurar que a área esteja limpa novamente. Infelizmente, o único jeito de controlar a disseminação da doença é garantir o isolamento da pessoa doente. Ademais, todos os cuidadores devem usar vestimentas de proteção. Devem usar luvas para não tocar no sangue O traje deve cobrir o corpo todo para proteger qualquer ferida ou corte A boca deve ser protegida com uma máscara, usar protetor ocular e para o nariz. Toda essa área deve ser coberta Trabalhar nessas condições é difícil esses trajes completos são muito quentes. É difícil trabalhar nessas condições mas é o que precisamos para isolar o Ebola de uma pessoa para outra. Além da equipe do hospital temos que lembrar também das equipes funerárias que preparam os corpos, por causa da disseminação do vírus. Acreditem, a disseminação persiste por semanas após a morte A equipe de laboratórios que lida com as amostras e os membros da família também são pessoas em risco. Com essas precauções podemos impedir a disseminação na esperança de erradicar a praga que acometeu a África ocidental Legenda: Patrícia Kawase