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O que é transtorno de estresse pós-traumático?

Como reagem as pessoas quando algo terrível acontece? Cada um tem sua própria forma de reagir a situações de risco de vida ou experiências inesperadas - você pode se sentir com medo e impressionado enquanto um amigo que passa pela mesma experiência pode se sentir chocado e agradecido por estar vivo. Esses pensamentos e sentimentos podem ser intensos e difíceis de lidar mas, para a maioria de nós, as reações a eventos traumáticos são completamente normais, temporárias, e desaparecem com o tempo.
Se uma pessoa tem dificuldade de se recuperar e suas sensações sobre a experiência permanecem presentes ou pioram com o tempo, ela pode ter um distúrbio mental chamado Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT). Transtorno de estresse pós traumático é uma reação extrema a um trauma, que pode alterar a forma como a pessoa pensa, sente e se comporta, e causa uma angústia considerável ou afeta sua capacidade de agir.

Como as coisas deveriam funcionar normalmente?

À medida que você tem novas experiências na vida, seu cérebro precisa decidir se uma situação é ou não estressante ou perigosa. Se seu cérebro percebe algo como uma ameaça à vida, ele ativa imediatamente uma resposta de emergência em todo seu corpo. Essa resposta, chamada de luta ou fuga, coloca o seu corpo em estado de alerta e libera hormônios como adrenalina e norepinefrina. A luta ou a fuga aumentam sua chance de sobrevivência porque direcionam o foco e esforço de seu corpo para lidar com a situação estressante. Quando sua segurança não está mais em risco e a ameaça passou, seu cérebro interrompe as respostas ao estresse e você fica apto a voltar ao normal.
Ilustração destacando diferentes processos que acontecem em vários órgãos (como em nossos fígados, pulmões e corações) nos momentos de estresse.

O que acontece quando as coisas dão errado?

Às vezes, quando você tem uma experiência extremamente aterrorizante ou cronicamente estressante, seu cérebro superestima o perigo que você está correndo e os sistemas de estresse passam a funcionar mal. Em vez de voltar ao normal com o tempo, seu corpo permanece em estado de alerta elevado e continua liberando os hormônios do estresse. Quando isso acontece, diferentes áreas do seu cérebro começam a cometer erros na interpretação do mundo ao seu redor e nas mensagens sobre como o resto do seu corpo deve responder. O transtorno de estresse pós traumático é associado a problemas com estruturas cerebrais e neurotransmissores (os mensageiros químicos do cérebro) que normalmente controlam como você responde ao medo e ao estresse.
Função normalTranstorno de estresse pós traumático
AmígdalaAtiva a luta ou fuga em resposta ao perigoAtiva a luta ou fuga em resposta a memórias ou pensamentos sobre o perigo
HipocampoTransfere e armazena informações em forma de memóriasArmazena memórias incorretamente e afeta a recuperação de memória
Cortex pré-frontalPensamento complexo, tomada de decisões e comportamento apropriadoProcessos de pensamento e de tomada de decisões disfuncionais; respostas inapropriadas às situações
Eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA)libera hormônios, como o cortisol, que ajudam a lidar e a direcionar esforços para o agente estressorHiperativo, o que leva ao desequilíbrio nos níveis de hormônios e aumenta o estresse e a ansiedade.
Ilustração destacando partes importantes do encéfalo envolvidas no TEPT e contrasta suas funções sob circunstâncias normais e quando alguém tem TEPT.

Sintomas

Existem quatro principais sintomas de transtorno de estresse pós-traumático que se desenvolvem após experiências traumáticas. Estes sintomas duram pelo menos um mês e incluem:
  • reviver o evento: repetidamente re-experimentar o trauma na forma de pesadelos ou sonhos perturbadores, lembranças e pensamentos incontroláveis. Quando isso acontece, o corpo muitas vezes reage ativando o comportamento de luta ou fuga.
  • evitação: a pessoa evita qualquer coisa relacionada ao trauma. Isso inclui evitar situações que possam desencadear flashbacks ou pensamentos incontroláveis, evitar lugares, pessoas e atividades que a lembrem do que aconteceu e suprimir sentimentos e pensamentos sobre o trauma.
  • hiperexcitação: excitação fisiológica aguçada e reatividade aumentada a estresse e trauma. Pessoas com hiperexcitação podem ser nervosas e se assustam facilmente. Frequentemente essas pessoas têm problemas de concentração porque estão constantemente em estado de alerta e procurando perigo. A hiperexcitação frequentemente leva a irritabilidade e problemas para dormir.
  • alterações nos pensamentos, sentimentos e crenças, como:
sentir-se triste, ansioso ou amedrontado na maior parte do tempo
tornar-se emocionalmente entorpecido
perder interesse em atividades e relacionamentos
considerar-se uma pessoa má ou culpada
acreditar que o mundo é um lugar assustador e perigoso e que as pessoas não são confiáveis.
Os sintomas do transtorno de estresse pós traumático são frequentemente debilitantes e interferem na capacidade da pessoa trabalhar, frequentar a escola e ter relacionamentos significativos. Se não forem tratados, podem tornar-se tão graves que a pessoa pode tentar o suicídio.
Um mneumônico de "TRAUMA" em inglês nos ajuda a lembrar dos principais aspectos do TEPT: traumatic event (evento traumático), re-experience (reviver), evitação (evasão), unable to function (incapaz de agir), month (um mês, pelo menos), arousal (excitação).

O que causa o transtorno do estresse pós traumático?

O transtorno de estresse pós-traumático é causado pela exposição a um evento extremamente estressante ou traumático que seja perigoso e ameace a sua vida ou de alguém com quem você se importa, que você testemunhe ou vivencie, como:
  • combates militares
  • crimes violentos e agressões físicas
  • desastres naturais como tornados, inundações e terremotos
  • acidentes sérios como incêndios em casa ou batidas de carro
  • estupros e agressões sexuais
Existe uma relação dose-resposta entre o trauma e o transtorno de estresse pós-traumático, o que significa que severidade, duração e proximidade da exposição ao trauma podem influenciar o desenvolvimento ou não dos sintomas. Portanto, se você pessoalmente experienciou um trauma crônico e severo, como abuso sexual na infância ou guerras, é mais provável que você desenvolva os sintomas do que uma pessoa que testemunhou um acidente de carro. Outros fatores de risco incluem:
  • Personalidade: características de personalidade limítrofe, antissocial, dependente e paranoica estão associadas a transtorno de estresse pós traumático. Pessoas com essas características tendem a ser emocionalmente reativas e agitadas em situações estressantes, e levam mais tempo para se recuperar de experiências negativas.
  • Controle percebido: se você tem um locus externo de controle, acredita que não tem poder sobre as coisas que acontecem com você, isso pode fazer com que seja mais difícil lidar com estresse e aumenta a vulnerabilidade pós-trauma.
  • Apoio social: se você não tem laços familiares e sociais fortes, ou não os construiu durante a infância, então é muito mais provável que desenvolva transtorno de estresse pós-traumático.
  • Doença mental: se você tem um histórico de depressão, ansiedade, transtorno bipolar ou de abuso de substâncias, ou tem um parente com depressão, então é mais provável que desenvolva transtorno de estresse pós-traumático depois de um evento traumático.
  • Eventos da vida: eventos estressantes da vida como por exemplo morte na família, divórcio ou perder um emprego podem influenciar como experimenta-se o trauma e aumentar o risco de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático.

Quão comum é o transtorno de estresse pós-traumático?

Cerca de 8% dos adultos nos EUA (incluindo aproximadamente 10% de todas as mulheres e 4% de todos os homens) vão desenvolver transtorno de estresse pós-traumático em algum momento de suas vidas. O transtorno é mais comum em adultos solteiros, divorciados ou viúvos, pessoas que vivem na pobreza e jovens adultos socialmente retraídos. Mulheres são mais prováveis de experienciar transtorno de estresse pós-traumático depois de um estupro ou agressão sexual, enquanto homens são mais prováveis de desenvolver o transtorno depois de combates. Pessoas que são regularmente expostas a traumas (como veteranos militares, sobreviventes de abusos e paramédicos) experienciam transtorno de estresse pós-traumático em altos níveis. Por exemplo, as guerras recentes no Afeganistão e Iraque causaram transtorno de estresse pós-traumático em aproximadamente 17% dos veteranos que retornaram, e 30% de todos os veteranos apresentam o transtorno. Desastres naturais com efeitos duradouros, como o furacão Katrina, os terremotos no Japão e Haiti e o tsunami no Oceano Índico, causaram TEPT em aproximadamente 50-70% dos sobreviventes.

É possível prevenir o transtorno de estresse pós-traumático?

Os eventos traumáticos que causam o transtorno de estresse pós-traumático podem não ser previsíveis ou evitáveis, e podem acontecer com qualquer um, a qualquer momento, portanto a maior parte dos cientistas e profissionais da saúde mental focam na intervenção precoce ao invés de prevenção. Depois de acontecer uma experiência traumática, é importante que as pessoas com maior risco de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático sejam identificadas e que sejam aplicados programas direcionados a aumentar as habilidades de enfrentamento e diminuir a angústia ou o medo. Por exemplo, soldados usam meditação, yoga e acupuntura para enfrentar o estresse relacionado ao combate, ao passo que sobreviventes de desastres naturais usam o aconselhamento e intervenção em crises, de maneira a processar seus sentimentos sobre o que lhes ocorreu.

Como é o tratamento?

O tratamento para transtorno de estresse pós-traumático geralmente combina medicação e terapia para apoiar o paciente no momento de necessidade e melhorar a capacidade de enfrentar o mundo ao redor deles
  • Uma psicoterapia efetiva para o transtorno de estresse pós-traumático é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). A TCC foca em compreender e mudar pensamentos, emoções, crenças e comportamentos relacionados ao trauma. Fazendo isso, a TCC ajuda os pacientes a reestruturar seus pensamentos e comportamentos inadequados, e lhes proporcionam uma maneira mais efetiva de lidar com estresses futuros.
  • Outros tratamentos psicológicos incluem hipnose e a terapia de exposição para re-experienciar e processar o trauma de forma segura, técnicas de relaxamento para diminuir sentimentos gerais de estresse, e terapia familiar ou em grupo para estimular o apoio social.
  • Os medicamentos usados para tratar TEPT são um tipo de antidepressivos chamados de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). Os ISRS bloqueiam a reabsorção de serotonina, o que melhora a comunicação e funcionamento em todo o cérebro. Os ISRS são particularmente úteis em tratamentos de sintomas como ansiedade e depressão.

Considere o seguinte

  • O transtorno de estresse pós-traumático não é um transtorno novo - veteranos militares vêm relatando sintomas a centenas de anos! Ao longo da história, o transtorno teve muitos nomes diferentes - veteranos da Guerra Civil Americana com frequência eram diagnosticados com “coração de soldado”, veteranos da Primeira Guerra Mundial experimentaram “shell shock” ou trauma de granadas e a Segunda Guerra Mundial causou a "fadiga de combate".
  • Algumas pessoas com transtorno de estresse pós-traumático se beneficiam de ter um animal de serviço. Cães de serviço são treinados para reconhecer sintomas e podem ajudar durante situações de crise - eles levam a medicação, acordam a pessoa durante pesadelos, distraem-na quando estão ansiosas e proporcionam apoio emocional.
Ilustração mostrando um homem sorridente segurando um cachorro.

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