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Biologia do Ensino Médio
Curso: Biologia do Ensino Médio > Unidade 8
Lição 2: Adaptação e mudança ambientalAdaptação e mudança ambiental
Como resultado da adaptação, a distribuição de características em uma população pode variar quando as condições mudam. Versão original criada por Khan Academy.
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Transcrição de vídeo
RKA22JL - Alô, alô, moçada!
Tudo bem com vocês? Continuando nossos vídeos sobre a temática da evolução,
hoje falaremos sobre como as adaptações, que, como já vimos em vídeos anteriores, estão intimamente
ligadas ao ambiente, respondem às mudanças ambientais. A seleção natural promove a adaptação nas populações,
onde populações com determinadas características que são favoráveis àquele ambiente,
conseguem sobreviver e se reproduzir, aumentando, portanto, a prevalência
de seu “pool” genético favorável nesta população. Ao observar
determinada população, é possível até mesmo palpitar sobre como é o ambiente
onde essa determinada população provavelmente evoluiu. Adaptações são, portanto,
produtos do ambiente. Mas o que acontece se determinado
ambiente não existir mais? E se ele ficar diferente
da forma que ele era antes? Como fica a
população que vive ali? Essas mudanças ambientais acontecem
com alguma frequência em nosso planeta. Os primeiros cientistas a notarem a
resposta de populações selecionadas à mudanças ambientais
foram os paleontólogos, que estudam a história das espécies na Terra
a partir de evidências, como os fósseis. A mudança de ambiente não quer dizer
que a seleção natural simplesmente sumiu. Ela ainda existe e forçará a seleção
de grupos que possuem as novas características que favorecerão sua sobrevivência
neste novo ambiente, portanto, sua reprodução. Ainda ocorrerá a herdabilidade de genes
e a seleção destes por seleção natural, promovendo a
sobrevivência e reprodução. Isso quer dizer, portanto, que, quando o ambiente muda,
a distribuição de genes de uma população também se altera. Vamos ver
alguns exemplos? Na biologia evolutiva, nós discutimos
três padrões de mudanças. São elas: a seleção direcionada,
a seleção disruptiva e a seleção estabilizadora. Cada um desses padrões evolutivos
conta uma história. São tipos de seleção natural. Comecemos pela seleção
natural do tipo direcionada. Citaremos, por exemplo, o que ocorreu
com um rato da neve, também conhecido como lêmingue, um mamífero que
vive nos altos Alpes Suíços. Os ratos adultos desta espécie têm maiores chances
de sobrevivência do que os filhotes. São mais valentes e conseguem ter maiores
taxas de sobrevivência a ataques de predadores. Toleram mais as baixas temperaturas
e têm mais depósitos de gordura em seus corpos para conseguir sobreviver
a invernos rigorosos. Neste gráfico, nós temos no eixo y a porcentagem
de indivíduos em uma população de ratos da neve e, no eixo x, temos a média do tamanho
do corpo de ratos adultos. Aqui nós temos um intervalo, variando
dos menores aos maiores indivíduos. Esta seta representa a pressão de seleção
do ambiente por conta de fatores climáticos. Aqui, a população original
que vivia nesta região possui uma média do tamanho do corpo de um
indivíduo adulto muito maior nesta população. No entanto, uma mudança climática alterou
os padrões de temperatura do ambiente. A neve tem caído cada vez mais cedo
e em maior quantidade nos Alpes. Portanto, os organismos desta espécie têm menos tempo
para desenvolverem seus corpos até a maturidade e, se animais não atingem a maturidade
no momento que começa o inverno, há uma chance potencial destes
indivíduos não sobreviverem. E, como corpos maiores levam
mais tempo para se desenvolver, há uma forte pressão seletiva contra os genes
do desenvolvimento para um corpo grande, para ser um adulto de corpo grande, e que os genes
responsáveis pelo desenvolvimento de corpos menores para atingir a fase
adulta são favorecidos. Os menores indivíduos que já eram adultos
na população original, provavelmente, tinham mais filhotes, e os genes que levavam ao desenvolvimento
de um corpo pequeno quando adulto eram levados para frente
nesses descendentes. Portanto, aumentaram em frequência os genes
de corpos adultos pequenos. Ao longo das gerações, esses genes
de corpos adultos pequenos foram favorecidos. Provavelmente, esta curva irá se direcionar
para a esquerda, veja. Isso quer dizer que chegaria um ponto
onde os organismos são pequenos o suficiente e se desenvolveram até
a fase adulta mais rápido, conseguindo, assim, se darem bem
em um ambiente com essas novas condições. É isso que esse
gráfico representa. Essa seta, então, indica para qual direção a
população como um todo está mudando. Os eventos de seleção direcionada podem favorecer
um dos extremos enquanto excluem o outro. Quando a seleção favorece dois extremos,
é o que nós chamamos de seleção disruptiva, que é o que mostra
esse gráfico bem aqui. Eu trouxe um exemplo de um besouro
da espécie onthophagus acuminatus. Eles têm uma distribuição de tamanho do corpo do tipo
bimodal, onde você verá uma grande quantidade de machos com corpos grandes e uma grande quantidade
de machos com corpos pequenos. Veja, ainda, que há poucos
representantes com tamanhos medianos. Os machos grandes usam
seu tamanho, força e chifres para lutar com outros machos
pela oportunidade de acasalar. O macho escolhe uma companheira que passará
a maior parte do tempo aqui, dentro do túnel. O macho grande irá lutar na entrada
com outros machos grandes que possam desafiar pela chance de acasalar
com a fêmea que está lá dentro. Machos de tamanhos médios não conseguem
se dar bem neste contexto, porque não conseguem
sobreviver à luta com machos grandes. E como os machos pequeninos conseguem
sobreviver e serem tão abundantes na população? Ao invés de lutar, eles usam seu tamanho ao seu favor,
e, geralmente, por serem muito pequenos, eles não possuem chifres e acabam por se parecer
com fêmeas anatomicamente. Os machos pequenos evitam a briga
e simplesmente abrem um túnel logo ao lado. Assim, eles conseguem
chegar até a fêmea. O macho grandão está ocupado guardando a entrada
e isso lhe dá tempo de acasalar com a fêmea, garantindo a sobrevivência de
seu pool genético na população. Esse tipo de seleção seleciona ambos extremos
do espectro, excluindo o traço moderado da distribuição. O gráfico, então,
ficaria dessa forma. Uma pressão seletiva contra os organismos
com traços medianos e um favorecimento... dos extremos. Existe um tipo de seleção que é exatamente
o oposto da disruptiva e se chama seleção estabilizadora. Esse tipo favorece o conjunto moderado
de características em uma distribuição na população, com exclusão das
características extremas. Vou usar como exemplo o caso da mosquinha,
chamada de eurosta solidaginis. As fêmeas colocam seus ovos no caule de plantas
hospedeiras com características adequadas para tal. A larva se desenvolve e induz a planta a crescer
de maneira esférica, em torno da mosquinha, protegendo seu corpo em desenvolvimento,
e fornece todo o alimento de que ela precisa até atingir a fase adulta,
a menos que apareça uma vespa parasita. Se isso acontece, a mosca morre
e a vespa assume, então, o seu espaço. Isso é mais fácil de fazer com galhos pequenos,
porque a vespa introduz seu fino tubo, que serve para fazer a postura de ovos, através
do galho, para acessar o seu interior, onde está
desenvolvendo a mosca. Você deve estar imaginando que, por conta disso,
grandes galhos são selecionados pelas moscas, porque, dessa maneira, a vespa não conseguirá
fazer sua postura de ovos, promovendo uma seleção de um ambiente onde a
vespa não consegue sobreviver. Mas e se nós introduzirmos
pássaros neste contexto? Galhos grandes tornam-se uma refeição
farta e fácil para os pássaros, porque são mais
visíveis num ambiente. Isso cria uma situação onde galhos pequenos
são selecionados contra os grandes, garantindo que as
médias sejam favorecidas. Para lembrar como essa distribuição se parece,
lembre-se de que há pressão em ambos os extremos. Por fim, mudanças ambientais podem criar
os mais diversos contextos. Ainda bem que existem diferentes
tipos de seleção natural para selecionar traços por
pressão ambiental, não é mesmo? Bons estudos
e até a próxima!