Conteúdo principal
Curso: Biologia do Ensino Médio > Unidade 8
Lição 1: Seleção natural e adaptaçãoSeleção natural e adaptação
A seleção natural leva à adaptação, isto é, a uma população dominada por organismos que são anatomicamente, comportamentalmente e psicologicamente bem adaptados para a sobrevivência e reprodução em um ambiente específico. Ou seja, o diferencial na sobrevivência e na reprodução de organismos em uma população que tem uma característica hereditária vantajosa leva a um aumento na proporção de indivíduos nas gerações futuras que têm essa característica e a uma diminuição na proporção de indivíduos que não apresentam essa característica. Versão original criada por Khan Academy.
Quer participar da conversa?
Nenhuma postagem por enquanto.
Transcrição de vídeo
RKA10JV - Alô, alô, moçada! Vamos falar um pouco mais
sobre a evolução hoje? Especificamente sobre
seleção natural e adaptação? O que vem à mente quando
você pensa em adaptação? Talvez você pense em alguma
morfologia interessante que auxilia os organismos
a se esconderem de predadores. Uma armadura, um espinho
para se proteger em uma briga, um aumento de pigmentação
da melanina na pele a fim de proteger organismos contra os impactos da luz do sol
em áreas muito ensolaradas. Enfim, se isso te ocorreu
à mente, você tem razão. O que citamos há pouco
são exemplos de adaptações. Todas elas auxiliam
os organismos a sobreviver e conseguirem se reproduzir
em um ambiente particular. A palavra adaptação
pode se referir a um traço e isso torna um organismo
mais adequado ao seu ambiente. Uma população com um determinado
traço pode se tornar dominante por ter um traço mais adequado
àquele ambiente, graças à seleção natural. Anotemos, então: a adaptação pode
se referir a um traço que pode tornar um organismo
mais adequado ao seu ambiente. Anote também: alguns traços podem se
tornar mais dominantes em uma população
graças à seleção natural. Continuando, com a seleção natural, vemos organismos com características
hereditárias benéficas, aumentando sua participação no "pool gênico" (fundo genético)
na população, porque são mais propensos
a acasalar e produzir descendentes. Isso significa que esses organismos
bem adaptados têm maior aptidão. Uma medida da capacidade
de um organismo em sobreviver e se reproduzir em seu ambiente. Anotemos também, então: organismos bem adaptados têm maior
aptidão para sobreviver e se reproduzir. Vamos ver uma situação, aqui
temos a mistura de lagartas verdes. Sua cor possibilita com que fique
mais camuflada em folhas verdes. As lagartas de cor laranja sobrevivem
melhor em folhas com um tom alaranjado. Isso porque elas se camuflam e conseguem
se proteger de uma possível predação e assim, sobrevivem mais
e conseguem se reproduzir. Perceba, portanto, como a seleção
natural está intimamente ligada ao meio ambiente em que ocorre. E é por isso que a seleção natural
pode resultar em adaptação. Aliás, o conceito de
adaptação é bem diverso. Essa adaptação pode ser
anatômica, fisiológica, ou até modificações no comportamento. Vamos ver outra situação. Essa espécie é conhecida
como Apis mellifera. Todas elas são da mesma espécie
e parecem idênticas. Temos populações de abelhas adaptadas
à América do Norte e à África. Porém seus comportamentos
divergem dramaticamente. As populações africanas
dessa espécie são adaptadas para um ambiente quente e tropical,
podendo construir colmeias ao ar livre. O mesmo não é visto nas
populações da América do Norte, onde há um clima temperado. A faixa de temperatura é muito
ampla entre as estações e elas preferem viver dentro de outros
tipos de estruturas mais protegidas, como troncos ocos e caixas,
do que construir uma colmeia. Na África, também há mais
predadores grandes e temíveis interessados em entrar
no ninho das abelhas. Portanto, a frequência de
traços relacionados à defesa é muito mais comum do que em populações
adaptadas à América do Norte, onde há menos predadores agressivos então são menos propensas a ataques
agressivos para se defender. O sucesso das abelhas
adaptadas à vida na África deixou muita gente preocupada pensando que elas poderiam substituir
as abelhas na América do Norte por conta do seu
comportamento defensivo. Mas essas preocupações ignoraram a conexão
entre a adaptação e o meio ambiente. Características que ajudaram essas
abelhas a sobreviverem na África também são vistas em outras
regiões tropicais do globo, como na América
do Sul e Central, que são ambientes semelhantes,
de certa maneira, ao ambiente encontrado na África. Interessante, não é? Você pode estar se perguntando,
neste momento, que a seleção natural está
distribuindo adaptações. Por que ela não escolhe
coisas melhores? Peixes tendem a ser comidos por
pássaros e ursos, por exemplo. E isso aconteceu literalmente
por milhões de anos. Então, por que não
tem população de peixes que simplesmente desenvolveram algo
como olhos de raio laser e teletransporte? Bom, existe uma espécie
conhecida como esgana-gato, que desenvolveu um tipo de defesa
em que alguns ossos ficaram mais longos na região próxima à cabeça,
como se fossem espinhos. Veja, esses espinhos
dificultam a vida dos predadores, já que dificultam a deglutição
desses animais. Você pode até pensar que raios
laser seriam mais eficientes, mas a seleção natural
não tem intenções. Nenhum ser vivo
evolui com um objetivo. Em vez de algo totalmente mirabolante, a seleção natural acaba
por selecionar aquele indivíduo com alguma característica
mais vantajosa para o ambiente. Nesta altura do campeonato,
você já deve ter entendido que as populações não se adaptam
com diversas opções incríveis para resolverem seus problemas. Na verdade, a seleção impulsiona
aquelas adaptações que são vantajosas porque conferem aumento da aptidão. E se determinado traço
aumenta a aptidão, não há por que precisar
de uma adaptação que permita que os organismos simplesmente
incinerem seus inimigos. Você só precisa que
seja um bom traço, que garanta a sua sobrevivência para que você possa,
então, conseguir acasalar e passar seus genes
para frente. Para um problema como um
pássaro martim-pescador, nesses peixes, um
espinho foi a solução. Neste outro exemplo,
vemos o peixe narval, em sua boca, há apenas um dente,
que cresceu para fora de seu rosto, longo como uma lança. A seleção natural atua
nos genes já existentes ou em novos genes que possam
surgir por meio de mutação. E você pode até pensar:
beleza, mutações são bem legais. Foi assim que surgiram meus super-heróis
favoritos com seus superpoderes. Mas, ao contrário do
que vemos nos filmes, a maioria das mutações
não tem efeito impactante, resultando em problemas na expressão
gênica ou proteínas não funcionais. As mutações podem não
causar impacto algum, serem positivas para aquele organismo ou até mesmo deletérias,
causando estragos. E só para acrescentar, adaptações
provavelmente não serão super armas que garantem a sobrevivência
em 100% dos casos. Em vez disso, as adaptações
são características úteis que ajudam a aumentar
a aptidão de um organismo à medida que as condições
ambientais pressionam. Portanto, a adaptação é algo
muito importante, mas é limitada. Mas considere, por um momento, tudo que as adaptações
são capazes de fazer, mesmo com suas limitações. O camarão-pistola consegue fechar
suas quelíceras tão rapidamente que a água ao redor
vibra em ondas. O estalido produzido pela garra
pode ser mais alto do que um tiro, deixando os peixes
próximos inconscientes. Algumas abelhas podem se agrupar
e vibrar seus músculos de voo tão rapidamente que elas podem criar
um forno de convecção biológica que pode cozinhar
predadores até a morte. Existem vespas parasitas que evoluíram para viver
dentro de vespas parasitas, que vivem dentro
de vespas parasitas, que vivem dentro de lagartas. Até parece a "matrioska", aquela
boneca russa, não é mesmo? Aliás, ainda sobre as vespas, algumas delas têm manchas
amarelas no abdômen. Essas manchas conseguem
absorver a energia solar para complementar a energia
fornecida por sua dieta. Elas têm painéis solares. Eu diria que a seleção natural
se saiu muito bem. Bom estudos,
e até a próxima!