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Química - Ensino Médio
Curso: Química - Ensino Médio > Unidade 6
Lição 3: Interação dipolo-dipoloForças de dispersão de London
Forças de dispersão de London resultam das interações coulombianas entre dipolos instantâneos. Forças de dispersão estão presentes entre todas as moléculas (e átomos) e são tipicamente maiores para moléculas mais pesadas e mais polarizáveis e moléculas com superfícies maiores. Versão original criada por Sal Khan.
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Transcrição de vídeo
[RKA20C] Olá, meu amigo ou minha amiga!
Tudo bem com você? Seja muito bem-vindo(a) a mais um
vídeo da Khan Academy Brasil! Neste vídeo, vamos começar a conversar sobre as forças que existem entre átomos neutros ou moléculas neutras. A primeira dessas forças intermoleculares
sobre a qual vamos falar é a força de dispersão de London. Isso parece ser algo muito sofisticado, mas, na verdade, é um fenômeno
muito interessante e quase intuitivo. Estamos acostumados
a pensar sobre átomos... E vamos apenas dizer
que temos um átomo neutro. Se é neutro, significa que ele tem
o mesmo número de prótons e elétrons. Isso que eu estou representando aqui são todos os prótons e os nêutrons
no núcleo do átomo. Aí, teremos uma nuvem de elétrons. Estou imaginando que
todos esses elétrons estão meio que saltando. Então, é assim que
eu vou representar. Ah, é importante deixar claro que não estou desenhando em escala. O núcleo é realmente algo muito menor. Agora, vamos dizer que temos,
ao lado dele, outro átomo que também é neutro. Talvez seja o mesmo tipo de átomo,
mas pode ser diferente. O importante é que ele seja neutro e que também tenha uma nuvem
de elétrons ao redor do núcleo. Agora, quero te fazer uma pergunta. Se ambos os átomos são neutros, como eles podem ser atraídos
um pelo outro? É isso que as forças de dispersão
de London realmente explicam, principalmente porque
observamos que até mesmo alguns átomos neutros
e moléculas neutras podem ser atraídos uns pelos outros. A forma de pensar sobre isso
é que os elétrons estão constantemente saltando
ao redor do núcleo, e a gente observa isso de
forma probabilística, ou seja, os elétrons estão nessa
nuvem de densidade de probabilidade onde um elétron poderia estar
em qualquer lugar em um determinado momento. Os elétrons nem sempre vão ser
distribuídos uniformemente. Pode ter uma situação
em que esse átomo pode parecer assim
em um determinado momento, com talvez um pouco mais
dos elétrons ficando mais tempo do lado esquerdo do átomo
que do lado direito. Então, talvez a gente tenha algo assim. Sendo assim, por esse breve momento, teremos uma carga parcial negativa
do lado esquerdo. A gente representa essa carga
parcial com a letra grega δ, Aí, como você pode imaginar, teremos uma carga parcial positiva aqui,
deste outro lado. Não se esqueça de que, quando falamos sobre cargas
uniformemente distribuídas, a carga negativa foi compensada
pela carga positiva do núcleo. Porém, aqui do lado direito,
temos agora menos elétrons. Então, teremos uma carga parcial
positiva aqui. E, do lado onde está a maioria
dos elétrons neste momento, teremos uma carga parcialmente negativa. Agora, o que isso pode induzir
no átomo vizinho? Pause o vídeo e pense sobre isso. Pense sobre o que pode acontecer
com o átomo que está ao lado. Bem, como sabemos,
cargas iguais se repelem, e cargas opostas se atraem. Então, se tivermos
uma carga parcial positiva aqui do lado direito deste átomo
que está à esquerda, os elétrons negativos
deste átomo à direita podem ser atraídos por esse átomo. Então, estes elétrons aqui
podem ser atraídos para a esquerda. Com isso, eles vão para
a esquerda desse átomo. Isso vai acabar induzindo
o que chamamos de dipolo. Aí, teremos uma carga parcial negativa aqui do lado esquerdo desse átomo e uma carga parcial positiva
aqui do lado direito dele. A gente já tinha um dipolo que foi produzido
de forma aleatória aqui, neste átomo à esquerda. Porém, isso acabou induzindo
a criação de um dipolo aqui, no átomo do lado direito. Mas o que é um dipolo? Um dipolo é desenvolvido
quando temos a separação de carga, onde temos cargas positivas e negativas em duas partes diferentes de uma molécula ou de um átomo
ou de qualquer outra coisa. Aí, quando isso acontece, teremos esses dois personagens
sendo atraídos um pelo outro. Ou seja, aqui em nosso exemplo, os dois átomos vão ser
atraídos um pelo outro. E essa atração que acontece
devido a dipolos induzidos tem tudo a ver com as forças
de dispersão de London. Na verdade, você pode dizer que
as forças de dispersão de London são as forças que surgem
em um dipolo induzido. Eles se sentem atraídos
um pelo outro por causa de alguma coisa
que era para ser temporária e acabou causando
um desequilíbrio de elétrons. Algo que induziu um dipolo em
outro átomo ou outra molécula, fazendo com que eles fossem
atraídos um pelo outro. Agora, quero te fazer uma outra pergunta. Quão fortes ou quão intensas
essas forças podem ser? Isso está diretamente relacionado
com a ideia de polarizabilidade, ou seja, o quão fácil é polarizar
um átomo ou uma molécula. De modo geral, quanto mais
elétrons você tem, maior é a nuvem de elétrons. Algo que geralmente está
associado à massa molar. Então, geralmente,
quanto maior a massa molar, maior será a polarizabilidade do átomo, já que teremos mais elétrons para brincar. Se aqui fosse um átomo de hélio, que tem uma nuvem de elétrons
relativamente pequena, não teríamos um
desequilíbrio significativo. No máximo, teríamos
dois elétrons de um lado, o que causaria um
pequeno desequilíbrio. Por outro lado, imagine um
átomo muito maior ou uma molécula muito maior... A gente poderia ter um
desequilíbrio muito maior, não é? 3, 4, 5... 50 elétrons. Sem dúvida, isso criaria um
dipolo temporário mais forte, o que, então, induziria a um
dipolo mais forte no vizinho. E isso poderia se propagar por toda a amostra
de uma molécula. Por exemplo, se você fosse comparar alguns gases nobres entre si. Podemos olhar para
os gases nobres aqui, no lado direito da tabela periódica
dos elementos. Se você fosse comparar
as forças de dispersão de London entre, digamos, o hélio e o argônio, qual você acha que teria forças
de dispersão de London mais intensas: vários átomos de hélio
ao lado uns dos outros ou vários átomos de argônio
próximos uns dos outros? Bem, os átomos de argônio
têm uma nuvem de elétrons maior. Portanto, eles têm maior
polarizabilidade. Logo, teremos forças de dispersão
de London mais intensas no argônio. Você pode realmente ver isso
em seus pontos de ebulição: o ponto de ebulição do hélio é -268,9°C, enquanto que o ponto de
ebulição do argônio é -185,8°C. Eu sei, ainda está baixo para
os padrões normais de temperatura, mas é mais alto que
o ponto de ebulição do hélio. Uma forma de pensar sobre isso é que, se você observasse uma
amostra de hélio a -270°C, essa amostra estaria no estado líquido, mas, ao aquecê-la para valores
acima de -268,9°C, teremos as forças
de dispersão de London, que estão mantendo
os átomos de hélio juntos deslizando-se uns sobre os outros
em um estado líquido, sendo superadas pela energia
fornecida aos átomos devido ao aumento de temperatura. Com isso, os átomos serão capazes
de se libertarem, ou seja, o hélio vai essencialmente
ferver e entrar no estado gasoso em que estamos acostumados
a observá-lo. Agora, isso só vai acontecer
com o argônio com uma temperatura bem maior, mesmo que muito baixa
para os nossos padrões. Por isso, é preciso mais energia para superar as forças de
dispersão de London do argônio, justamente porque os átomos de argônio têm nuvens eletrônicas maiores. De um modo geral,
quanto maior a molécula, maior será a nuvem de elétrons. Consequentemente, maior serão a polarizabilidade e
as forças de dispersão de London. Mas outra coisa que é importante
é forma da molécula. Quanto mais as moléculas podem entrar
em contato umas com as outras, ou seja, quanto maior for a área de
superfície que é exposta uma à outra, maior será a probabilidade de um dipolo induzir outros dipolos. Por exemplo, podemos ver
o butano em duas formas diferentes. Podemos ver o que é
conhecido como n-butano, que se parece com isto. Aqui, temos 4 carbonos
e 10 hidrogênios. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Isso é conhecido como n-butano. Mas uma outra forma do butano
é conhecida como isobutano, ele tem esta forma:
3 carbonos na cadeia principal... Aí, teremos um carbono que faz
uma ligação com este carbono médio. Todos eles possuem quatro ligações. Sendo assim, o que falta é
completado com os hidrogênios. Então, ficaria assim. Isto aqui é o isobutano. Agora, se você tiver uma amostra
de vários n-butanos e se tiver também uma amostra
de vários isobutanos, qual desses você acha que terá
um ponto de ebulição mais alto? Bem, se você tem vários n-butanos
próximos uns aos outros, imagine outro n-butano bem aqui. Vai ter mais área de superfície
em contato com os butanos vizinhos, porque é uma molécula longa. Assim, mais área superficial
vai ser exposta aos vizinhos. Já o isobutano tem
uma forma mais compacta, ele possui uma área
de superfície menor, não tem essas grandes
cadeias longas. Então, devido a isso,
as moléculas do n-butano terão forças de dispersão
de London mais altas. Obviamente que eles possuem
o mesmo número de átomos. Eles também possuem
o mesmo número de elétrons. Então, eles têm tamanhos semelhantes
de nuvens eletrônicas, já que possuem a mesma
massa molar. Mas, por causa da forma
alongada do n-butano, eles são capazes de se
aproximarem uns dos outros e induzir mais esses dipolos. Então, apenas olhando para a forma
do n-butano versus isobutano, você veria forças de dispersão
de London maiores no n-butano. Assim, ele terá um ponto
de ebulição maior. Vai ser necessário mais energia para superar as forças de
dispersão de London e fazer com que ele entre
no estado gasoso. Enfim, meu amigo ou minha amiga, espero que você tenha compreendido
tudo direitinho que conversamos aqui e, mais uma vez, quero deixar para você
um grande abraço e até a próxima!