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História judaica - até idade média

Painel de um santuário de Torá da Sinagoga Ben Ezra no Cairo, século XI, madeira (noz) com traços de tinta e marrã, 87.3 x 36.7 cm (The Walters Art Museum). Os padrões de pergaminhos de videira e pastilhas mostram a influência islâmica na arte.
Painel de um santuário de Torá da Sinagoga Ben Ezra no Cairo, século XI, madeira (noz) com traços de tinta e marrã, 87.3 x 36.7 cm (The Walters Art Museum). Os padrões de pergaminhos de videira e pastilhas mostram a influência islâmica na arte.
Para cada período da história judia, interações com não-judeus têm sido essenciais para a formação da cultura e identidade judias. Os primeiros israelitas faziam sacrifícios animais no Templo Sagrado e eles eram distintos de outros povos do Levante, que cultuavam cada um os seus deuses locais.

A Diáspora

Embora não haja nenhuma evidência arqueológica de sua existência, a Bíblia Hebraica descreve um Templo em Jerusalém erguido pelo Rei Salomão, provavelmente em algum momento do século X a.C. A Bíblia também descreve a destruição do templo pelos babilônios 500 anos depois. Desde a queda do primeiro Templo, os judeus espalharam-se pelo Levante e pela Mesopotâmia e criaram culturas concorrentes. Rabinos eruditos perceberam então que seria necessário escrever interpretações orais—e eles ergueram as bases sob as quais as gerações futuras debateriam e reinterpretariam as leis judaicas. O rabino erudito mais bem conhecido foi Hillel (70 a.C. a 10 d.C.).  Hillel desenvolveu métodos para interpretar a Bíblia Hebraica que eram flexíveis.  Desde sua concepção, o judaísmo esteve sujeito ao contexto das comunidades e à sua interpretação de rituais
Um novo Templo foi construído um século após a destruição do primeiro, quando alguns judeus retornaram para a Terra de Israel. Em 70 d.C., no cerco romano a Jerusalém, os judeus dispersaram-se pelo norte da África, o Oriente Médio, e o Mediterrâneo. Essa ampla dispersão de judeus para fora da Terra de Israel é chamada de Diáspora.

A Idade Média

Durante a Diáspora, grupos judaicos viviam tanto em áreas dominadas por muçulmanos como por cristãos. Comunidades locais tinham tradições distintas, mas as diferenças entre aqueles que viam de áreas muçulmanas e aqueles que vinham de áreas cristãs era mais nítida. Judeus capazes de remontar sua ancestralidade para áreas da Europa central e do leste são hoje conhecidos como asquenazes, e aqueles que vêm do mundo islâmico são hoje chamados de sefarditas. Judeus sefarditas tecnicamente remontam suas origens à Península Ibérica, mas judeus das terras historicamente muçulmanas do Oriente Médio e do Norte da África (chamados de mizrahim e magrebes, respectivamente) têm sido confundidos com sefarditas contemporâneos, pois ambos compartilham de muitos dos mesmos costumes. Estes termos só se tornaram amplamente usados a partir dos anos 1960, quando judeus de terras islâmicas emigraram para a Europa, os Estados Unidos, e Israel. Numa escala global, essas distinções não foram relevantes até o final da Segunda Guerra Mundial.
Tanto nas comunidades asquenazes como nas sefarditas, judeus na Idade Média deviam pagar impostos em troca de autonomia comunal. Assim como eles passaram a falar as línguas vernaculares dos não-judeus com os quais eles viviam, eles também adotaram os estilos arquitetônicos, musicais, culinários, e literários de seus vizinhos.
Santa María la Blanca
Santa María la Blanca, antiga sinagoga em Toledo, Espanha. Erguida em 1180, ela  pode ser a mais antiga sinagoga na Europa que ainda se mantém de pé. Hoje ela pertence à Igreja Católica, que a preserva como um museu (foto: 
Nik McPhee (CC BY-SA 2.0)
Sinagogas em terras dominadas por cristãs são às vezes monótonas no exterior mas extremamente ornadas por dentro. Sinagogas em terras muçulmanas têm domos e arcos que imitam a arquitetura islâmica, como a Santa María la Blanca em Toledo, Espanha, ou a Grande Sinagoga de Algiers, na Algéria.
Na Europa, a perseguição de judeus começou após o imperador romano Constantino converter-se ao cristianismo. Nos séculos XI e XII hordas crusadas massacraram judeus por toda a Europa. Cruzados culpavam os judeus por crucificar Jesus, uma acusação que foi extendida para afirmar que judeus estavam cometendo o assassinato ritual de crianças cristãs conhecido como libelo de sangue.
Judeus que viviam na Europa eram alvos iniciais fáceis para os cruzados, pois os muçulmanos, de quem eles esperavam retomar a Terra Santa, estavam longe de casa. Ao longo dos séculos XIV e XV, judeus na Espanha estavam sujeitos a formas violentas de anti-judaísmo. A Inquisição espanhola forçou conversões e expulsões de muitos dos judeus residentes na Península Ibérica.
Belt Fitting (Yemen), a parte de trás está em branco exceto por uma estampa em árabe com o nome e data do governante muçulmano Imam al-Mansur al-Husayn, e uma inscrição esculpida em hebraico com o nome do ourives, Yahya Tayyib
Belt Fitting do Yemen (Museu de Arte Walters) 
A parte de trás está em branco exceto por uma estampa em árabe com o nome e data do governante muçulmano Imam al-Mansur al-Husayn, e uma inscrição esculpida em hebraico com o nome do prateiro, Yahya Tayyib
A vida de judeus nas terras islâmicas era comparativamente tranquila. Em áreas controladas por muçulmanos, judeus na Idade Média eram tolerados como um “dhimmi”—um povo do livro. Diferentemente do mundo cristão, povos judaicos não eram os únicos habitantes não-muçulmanos (também havia cristãos, zoroastras, hindus, budistas, etc.). Judeus foram integrados à economia e receberam permissão de praticar livremente sua religião. Judeus faziam negócios com não-judeus na Idade Média e as similaridades na arte, na música, e nas tradições culinárias demonstram essas interações entre judeus e não-judeus. Mas duas vidas comunais mantiveram-se em sua maior parte separadas—as leis dietéticas judaicas, ou cashrut, forçavam os judeus a ter seus próprios açougueiros, padeiros e mesmo produtores de vinho. O Sabbath semanal significava que mercadores e camponeses judeus abster-se-iam de trabalhar, ao passo que o comércio cristão ou muçulmano continuaria. E a lei judaica proibia casamento fora da religião, solidificando ainda mais as fronteiras entre judeus e seus vizinhos—fronteiras que em alguns casos posteriores tornaram-se guetos murados dentro dos quais judeus eram forçados a morar.
Texto de Dr. Jessica Hammerman e Dr. Shaina Hammerman

Recursos adicionais
Daniel Boyarin,  Border Lines: The Partition of Judaeo-Christianity (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2004).
Elisheva Carlebach, Divided Souls, 1500-1750 (New Haven: Yale University Press, 2001).
Robert Chazan, The Jews of Medieval Western Christendom: 1000-1500 (Cambridge:Cambridge University Press, 2006).
Mark R. Cohen, Under Crescent and Cross: The Jews in the Middle Ages (Princeton:Princeton University Press, 1994).

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  • Avatar blobby green style do usuário Shuanck Teles
    No texto, diz 'Embora não haja nenhuma evidência arqueológica de sua existência, a Bíblia Hebraica descreve um Templo em Jerusalém erguido pelo Rei Salomão'. Na verdade, existem algumas evidências, embora sejam limitadas devido à destruição do templo em 586 a.C. e posteriormente à sua reconstrução em 537 a.C., que foi concluída em 516 a.C. As evidências tornaram-se mais escassas após a destruição do Segundo Templo em 70 d.C. e posteriormente devido à construção do Domo da Rocha pelos Muçulmanos. No entanto, durante o século XX, durante uma reforma realizada pelos muçulmanos na Mesquita Al-Aqsa, foram encontrados entulhos que datam tanto do Segundo Templo quanto, possivelmente, do Primeiro Templo.
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