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Biblioteca de Biologia
Curso: Biblioteca de Biologia > Unidade 36
Lição 1: Curso intensivo: Biologia- Por que o carbono está em toda parte
- Água - Líquido irado
- Moléculas biológicas: você é o que você come
- Eucariópolis - A cidade das células animais
- Na boate - Membranas e transporte
- Células vegetais
- ATP e respiração
- Fotossíntese
- Hereditariedade
- DNA, hot pockets e a maior palavra do mundo
- Mitose: É complicado se separar
- Meiose: Onde começa o sexo
- Seleção natural
- Especiação: sobre ligres e homens
- Desenvolvimento animal: Somos meros tubos
- Desenvolvimento evolutivo: Dentes de galinha
- Genética populacional: Quando Darwin se juntou a Mendel
- Taxonomia: O sistema de arquivamento da vida
- Evolução: Um Fato
- Anatomia comparada: o que nos torna animais
- Animais simples: Esponjas, águas-vivas e polvos
- Animais complexos: Anelídeos e artrópodes
- Cordados
- Comportamento animal
- O sistema nervoso
- Sistemas circulatório e respiratório
- O sistema digestório
- O sistema excretor: Do seu coração ao banheiro
- O sistema esquelético: está VIVO!
- Os Manda-chuvas: O Sistema Muscular
- Seu sistema imunológico: Nascido para matar
- Super glândulas - Seu sistema endócrino
- O sistema reprodutivo: Como funcionam as gônadas
- Antigo e Estranho: Archaea, Bactérias e Protistas
- A vida sexual das plantas não vasculares
- Plantas vasculares = Vitória!
- As plantas e as abelhas: Reprodução de plantas
- Fungos: A Morte Lhes Cai Bem
- Ecologia - Regras para se viver na Terra
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Seu sistema imunológico: Nascido para matar
Hank nos fala sobre a equipe de assassinos ninjas mortais que é encarregada de proteger nossos corpos de todos os bandidos que querem nos matar - também conhecido como nosso sistema imunológico. Versão original criada por EcoGeek.
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Transcrição de vídeo
RKA11C Biologia se resume a sexo e sobrevivência! A parte do sexo é bem legal,
mas a parte da sobrevivência também é fantástica, e é algo que eu gosto de fazer todos os dias. Pessoalmente, eu gosto de evitar a morte, não pulo de aviões, não vou para zonas de guerra, não uso heroína... No entanto, eu posso ficar um bom tempo em meio
à lama com meu amigo produtor de bacon, sem me preocupar em morrer. Meu corpo pode combater os micróbios que estão em minhas mãos, no ar, na minha comida. Micróbios que podem me matar! Deve ter mais micróbios letais para humanos aqui
do que assassinos em todas as prisões do mundo. Mas não precisa se preocupar, já que temos uma tropa de elite no nosso corpo chamado sistema imunológico. Ai, isso chegou perto da minha mão. Já ouviram falar nesses pequenos ninjas? Outros ainda não, mas todos conhecem
o resultado do trabalho dos ninjas. A trilha da morte que eles deixam é o pus,
que é muito nojento. O trabalho desses ninjas é bem pesado. Além de identificarem inimigos, eliminam
e mantêm um arquivo deles, caso resolvam voltar. Não quero te assustar, mas nós estamos literalmente cobertos de patógenos agora. E, realmente, não podemos culpá-los por quererem aproveitar nosso calor, energia, nutrientes e suor.
Nosso corpo é um parque de diversão para eles, e a maioria desses organismos até ajudam a melhorar o nosso estilo de vida.
Mas existem aqueles que não querem ajudar em nada. Vamos chamar os vírus e organismos de patógenos que querem transformar seu corpo
em uma fábrica para sua prole. Vamos evitar isso, e fazemos isso de duas formas: imunidade inata, que responde rapidamente a todos os tipos de patógenos da mesma maneira, mesmo que o seu corpo já tenha entrado em contato com o patógeno antes. Imunidade adquirida ou adaptativa acontece mais devagar, onde o seu corpo deve aprender a lidar com o patógeno antes de matá-lo. Todos os animais possuem um sistema imune inato, até mesmo esponjas, mas somente vertebrados possuem a adquirida. Nós já nascemos com o sistema imune inato,
no segundo em que você nasce, sai do ambiente estéril de sua mãe
e entra em um mundo cheio de germes, o sistema inato está te protegendo.
O sistema inato não liga para o que ele está matando, tanto faz se é vírus, bactéria ou fungo,
ele impede que o inimigo entre. Mas, se entrou, ele vai sorrateiramente
quebrar o seu pescoço como um ninja. A primeira barreira que mantém os inimigos fora
é a pele e as membranas mucosas. A pele tem tantas funções excelentes,
mantém os organismos no lugar... Mas esquecemos que sua função primária
é manter as coisas ruins fora. É um pouco oleosa e ácida,
e realmente não é algo fácil de penetrar. E você vai ficar mais impressionado agora: o seu trato gastrointestinal é,
tecnicamente, fora do seu corpo. No desenvolvimento do corpo,
tudo começa ao redor de um tubo. O interior do tubo é exposto, da mesma forma que a nossa pele, a diferentes tipos de micróbios. O trato digestivo é a linha de frente nessa batalha contra micróbios e, por isso, o estômago não faz prisioneiros, especialmente com a produção de ácido. Além da pele, temos membranas mucosas que são outra barreira de proteção contra micro-organismos. Todas as nossas superfícies internas possuem membranas mucosas: dentro dos nossos pulmões, dentro do seu nariz, e outras partes do seu corpo que parecem com o interior da sua boca, suas pálpebras e órgão sexual. Essas membranas mucosas produzem muco, um fluido viscoso sobre o qual você já deve ter ouvido falar. Ele captura micro-organismos e ajuda a descartá-los. É por isso que, quando ficamos doentes,
produzimos muito catarro. A segunda barreira de defesa é a resposta inflamatória. Os chefões aqui são células especializadas
do tecido conjuntivo chamadas de mastócitos, que procuram objetos estranhos e proteínas desconhecidas, liberando moléculas sinalizadoras como histamina quando encontram tais proteínas. Histamina torna seus vasos sanguíneos permeáveis. A área afetada fica inundada por fluidos,
e isso resulta em inflamação. Permite que as células brancas,
aquelas que combatem infecções, ataquem com toda a força o que quer que esteja criando essa situação. E isso é ótimo, se tem uma farpa no seu dedo ou vírus, mas de vez em quando, alguma coisa pode entrar que não é perigosa,
como pólen, pó ou amendoim. Então, o seu sistema imune vai desencadear toda a resposta inflamatória, mesmo que não seja necessário. Essa é uma reação alérgica que você conhece:
inchaço, vermelhidão, produção de muco e coceira, até mesmo a morte. É por isso que tomamos anti-histamínicos,
para suprimir os efeitos da histamina, e, com isso, controlar a inflamação. É por isso também que avisamos às pessoas
quando tem amendoim nos biscoitos. Grande parte da atividade do sistema imune
é exercida por células brancas, ou leucócitos. Os leucócitos são muito legais, principalmente porque têm acesso vip por todo o corpo,
menos ao sistema nervoso central. O cérebro e a medula espinhal são áreas de alta segurança. Os leucócitos se movem pelo sistema circulatório
e, quando chegam no destino, basicamente emitem um sinal para pedir ao capilar
para abrir um buraco, assim, o leucócito consegue se espremer pelo buraco, chegando ao local da infecção. O nome desse processo é diapedese,
que vem do grego "espremer pelo buraco". Existem muitos tipos de leucócitos diferentes,
você tem o seu próprio exército microscópico! Os responsáveis pelo sistema inato são os fagócitos, que vem do grego novamente. "Fago" quer dizer comer, e eles podem comer qualquer micro-organismo por meio da fagocitose. Fagócitos são muito legais e, literalmente, perseguem células invasoras, agarram e engolem. Um exemplo são os neutrófilos,
que se movem pelos vasos sanguíneos chegando rapidamente ao local da infecção. Quando o neutrófilo mata um micro-organismo,
ele morre em seguida. Quando muitos neutrófilos morrem,
formam o que chamamos de pus. Os maiores e mais fortes fagócitos são os macrófagos. Eles não se movimentam muito, mas ficam em um lugar como guarda-costas em diferentes órgãos. Eles matam invasores e podem detectar quando uma célula se torna cancerosa, a matando também. Diferentemente dos neutrófilos,
não morrem após matar uma bactéria, e conseguem comer até cem bactérias
antes de morrerem. Ele é bom de boca! O que é mais impressionante na batalha entre o sistema imune e os micro-organismos, é feito pelas células chamadas de
exterminadoras naturais. Deixa eu abrir um parênteses agora
e escrever uma carta aberta. Uma carta aberta para 1973. Caro ano 1973,
você teve muito trabalho. A guerra do Vietnã estava acabando,
Roe versus Wade, Watergate... foi uma época tumultuada,
mas queria muito que você, 1973, tivesse a oportunidade de nomear tudo na Biologia. Pois você teve a oportunidade de nomear
o novo tipo de célula imune, batizou ela de célula exterminadora natural,
e eu adoro esse nome. Lendo o roteiro de hoje com células dendríticas, macrófagos e diapedese, eu fico pensando: "E se 1973 tivesse nomeado essas coisas?" Seria célula espinhosa da morte,
devoradores e ação espremedora... Sei lá, talvez não ia ser legal,
mas poderia ser melhor que esses nomes gregos que temos que usar o tempo todo. Valeu pelo ato das espécies em extinção, Hank! Além do nome superlegal,
as células exterminadoras naturais também são capazes de destruir outras células humanas. Células saudáveis possuem uma proteína especial
na superfície, a MHC1. MHC quer dizer complexo principal de histocompatibilidade. Mas, quando suas células estão infectadas por um vírus ou estão cancerosas, elas param de produzir essa proteína. Como as células exterminadoras estão
sempre fazendo rondas, checando todas as suas células, quando acha uma que não está normal, pega a metralhadora e atira. Na verdade, ela se liga na célula e secreta uma enzima que dissolve sua membrana, matando essa célula. Células dendríticas são um tipo de fagócito. Ficam em locais do seu corpo
que estão em contato com o ambiente: no nariz, na pele, no estômago e intestino. Eles engolem patógenos e levam informações dele
de volta para o fígado ou nódulos linfáticos, informando o sistema imune adquirido
sobre o que está acontecendo na batalha. Minha monografia foi sobre células dendríticas,
e me apaixonei por elas! Elas são letais, mas muito inteligentes.
Poderiam ser um herói no livro de Robert Ludlum. E macrófagos também fazem isso! Vamos conversar sobre o sistema imune adquirido,
que é um pouco mais complicado. O sistema adquirido tem que aprender tudo o que pode sobre o patógeno com o qual está interagindo. Aí, ele armazena a informação
e depois planeja uma ação de defesa contra ele, é a supertropa de elite do seu corpo. O sistema adquirido começa a trabalhar
assim que você nasce. Nosso intestino contém bactérias que não fazem mal
e bactérias que causam doenças. Seu corpo aprende com elas
e armazena tudo o que aprende. Esse sistema fica em alerta para qualquer substância estranha, toxina, vírus, bactéria, até mesmo fragmentos podem ser um sinal importante de um patógeno. Os sinais são chamados de antígenos,
o que significa "gerador de anticorpo". Tudo que o sistema imune identifica como patógeno é o antígeno, criando um anticorpo contra o antígeno. Anticorpos não são células, são proteínas altamente especializadas produzidas por células b, que reconhecem e ajudam a rastrear os invasores. Mas anticorpos não conseguem matar os patógenos, pois são apenas proteínas pequenas. O máximo que conseguem fazer é se grudar sobre o invasor, impedindo que se mova, excrete toxinas e entre em células saudáveis. Anticorpos normalmente servem de sinal: ligam-se aos patógenos e enviam sinais para os fagócitos alertando-os que está na hora de comer. O sistema adquirido tem o seu
próprio tipo de glóbulo branco. Não são os fagócitos que se alimentam
de tudo o que é suspeito, são os linfócitos, que só vão atrás de antígenos específicos,
que já conhecem. Existem dois tipos de linfócitos:
células t, que se formam na medula óssea, migram e amadurecem no timo,
logo atrás do externo. E células b, que se formam
e amadurecem na medula óssea. "T" quer dizer que amadureceu no timo.
"B" vem de "bursa", onde amadurecem em aves. Temos dois tipos de linfócitos,
pois temos dois tipos de imunidade adquirida: a resposta mediada por células,
quando células já estão infectadas, e a resposta humoral, quando a infecção
está no fluido do corpo, e não dentro das células. Primeiro, vamos ver a resposta mediada por células,
que envolve principalmente células t. Existem inúmeros tipos diferentes de células t. Linfócito t auxiliar não é um nome
muito impressionante, mas, basicamente, comanda todo o sistema imune. Eles não matam patógenos, mas ativam
e direcionam células que podem fazer isso. Se 1973 tivesse dado o nome para ele,
seria linfócito t almirante ou algo assim. O linfócito t auxiliar recebe informações de outras células que estão na linha de frente. Após encontrar um patógeno,
o macrófago fagocita, destruindo ele. Em seguida, fragmenta as proteínas do patógeno em pedaços menores e leva esses pedaços até a superfície da membrana. Isso é chamado de apresentação de antígenos. Células t auxiliares conseguem ver isso
e ligam-se com o antígeno apresentado. Essas duas células, então,
se comunicam quimicamente. A célula apresentadora de antígeno produz uma molécula interleucina 1, como se estivesse falando para célula t auxiliar:
"Chefe, encontrei esse patógeno, matei ele e estou apresentando seus fragmentos
na minha parede celular". Em seguida, a célula t auxiliar libera molécula interleucina 2, que é igual a uma sirene, alertando todos os linfócitos da região
que existe uma emergência naquele local. Esse alarme ativa várias coisas ao mesmo tempo. Primeiro, a célula t auxiliar começa a fazer múltiplas cópias de si mesmo. A maioria dessas cópias formam células t efetoras, capazes de secretar proteínas sinalizadoras que ativam outros linfócitos. A outra parte forma células t de memória,
que armazenam informações sobre o invasor, permitindo que tenham memória imune para o futuro. Eu vou contar uma história triste agora, o que acontece quando uma célula é infectada e não tem mais jeito. Quando a célula não está mais saudável
e se tornou um zumbi, liberando vírus e bactérias
e ajudando a infecção a se alastrar pelo corpo, essa célula vai apresentar antígenos
como último recurso. Como não pode mais ser curada,
está pedindo que seja morta. Quem faz esse trabalho é a célula t citotóxica. Quando a célula t citotóxica recebe o alarme da
célula t auxiliar, que existe uma infecção, começa a patrulhar a área procurando por células doentes, apresentando antígenos. Quando a encontra, se liga a ela liberando enzimas que furam a membrana celular e, eventualmente, matando a célula doente e os patógenos. Uma célula humana matando outra célula humana. A resposta humoral tem como função capturar patógenos nadando por aí que ainda não invadiram suas células. Os principais jogadores nesse campo são as células b, que patrulham sua corrente sanguínea até receberem o sinal da célula t auxiliar
de que algo está errado. Células b são recobertas por anticorpos que podem detectar e se ligar a um antígeno específico. Uma célula b pode ter até 100 mil anticorpos
para um antígeno como o vírus da gripe. Outra célula b pode ter receptores para
um antígeno diferente, por exemplo, catapora. Quando a célula b encontra um patógeno
que reconhece imediatamente, se liga nele e começa a se multiplicar. De repente, inúmeras células b
com o mesmo receptor foram produzidas. Mas, durante o processo de clonagem,
os clones se diferenciam em tipos distintos, igual ao processo da célula t.
A maioria vira células efetoras, ou plasmócitos. Usam um anticorpo como molde para fazer um monte de anticorpos específicos para aquele patógeno. Conseguem fazer 200 anticorpos por segundo. Quando os anticorpos são liberados,
se ligam rapidamente aos patógenos, marcando eles para serem mortos por fagócitos,
que finalizam o trabalho sujo. O resto das células b se torna células de memória
e possui o mesmo receptor, ficando de prontidão para proteger o corpo,
caso necessário. O nosso tempo já está terminando, mas eu adoro esse assunto, por isso detalhei bastante o conteúdo. Muco, célula exterminadora natural, macrófago, morte de micróbios, fragmentação de proteínas, grudar pedaços na membrana celular, células efetoras atirando anticorpos, células de memória armazenando informações
sobre um micro-organismo... É assim que evitamos a morte todos os dias!