If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Comentário sobre reservas bancárias fracionárias 2: Seguro de depósito

Mais informações sobre os pontos fracos do sistema bancário de reservas fracionárias. O FDIC e o seguro de depósito e seus efeitos colaterais. Versão original criada por Sal Khan.

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.

Transcrição de vídeo

No último vídeo, eu falei sobre a principal fraqueza do sistema bancário de reservas fracionais, que é a corrida aos bancos. Se você tiver um monte de bancos, e todos eles emprestam 90 porcento de suas reservas, digamos que aqui estão esses bancos, o Banco Um, Banco Dois, Banco Três, e quantos mais você quiser. Digamos que temos até o Banco 100. O problema de uma corrida aos bancos é que se de repente apenas um banco não é capaz de ressarcir seus depositantes, ficar sem liquidez, -- não vamos julgar se ele está realmente insolvente, mas o fato é que ele não tem dinheiro para dar aos seus depositantes, e então todos os depositantes dos outros bancos ficam assustados, e correm para seus bancos e pedem seu dinheiro de volta. Por definição, em um sistema bancário de reservas fracionais, esses caras só têm 10 porcento de seus depósitos em reservas, reservas de 10 porcento. Assim, se mais de 10 porcento das pessoas pedirem seu dinheiro, eles ficarão sem liquidez. Aí haverá um pânico geral. Vai haver um pânico geral no sistema financeiro. Assim que algum dos empréstimos desses caras vencer... vou desenhar um balanço patrimonial deles. Digamos que eles eram bons investidores. Isso é uma grande premissa, mas digamos que seus balanços são mais ou menos assim. Aqui estão todos os depósitos que eles devem às pessoas -- para mim e para você. Esses são seus passivos. Eles têm 10 porcento dos seus ativos em reservas de moeda efetiva. Aqui estão as reservas. O resto são empréstimos para empreendimentos ou qualquer outra coisa. Empréstimos para qualquer tipo de negócio. Esses são ativos, pois os empreendimentos lhes devem algo. E o que vai acontecer? Assim que houver pânico, todos vão querer seu dinheiro de volta. As reservas se esvaem rapidamente. Você tem as reservas, que se esvaem rapidamente. Aí esses caras ficam aqui esperando pelo seu dinheiro. Isso fecha as portas do banco. Assim que esses empréstimos vencerem... Digamos que esse cara tem que pagar em um ano. Aí eles diriam "devolva-me o dinheiro, não vou renovar o empréstimo, por mais que seu negócio vá bem." Então todos vão querer seu dinheiro de volta, e o sistema financeiro todo vai ruir, e o crédito vai congelar. Pânico e congelamento de crédito. Isso é um problema enorme. Lembre-se, isso pode acontecer por causa de um único participante que não soube gerir bem sua liquidez. Pior ainda, poderia acontecer por causa de apenas um depositante em pânico. Não precisa nem ser um participante ruim. Pode ser apenas um medo que entrou no sistema, mesmo em um banco totalmente "legítimo". Uso aspas porque estamos assumindo que é legítimo. Há debates se o sistema bancário de reservas fracionais como um todo é legítimo. Mesmo sendo um banco totalmente certinho, se por algum motivo 100 porcento de seus depositantes ficarem com medo, aí de repente ele perderá liquidez, e acontece esse pânico generalizado. Bom, no último vídeo eu falei de algumas das coisas que foram inventadas para resolver esse problema. Vamos falar dessas soluções. A primeira é ter um banco de emergência, um emprestador em última instância. Esse é o nosso banco central, o Federal Reserve. Eles nunca vão ficar sem reservas, pois essas reservas podem ser emprestadas, e esses são títulos do Federal Reserve. Então o que o Federal Reserve faz? Eu já falei sobre isso. Digamos que seu balanço patrimonial é mais ou menos assim. Digamos que esses são seus passivos correntes. Esses são seus ativos correntes. Os passivos correntes são essencialmente títulos. Essas serão suas notas, mas digamos que alguém vem e diz "Federal Reserve, empreste-me algum dinheiro." O que eles vão fazer é imprimir... essas são notas do Federal Reserve. Assim eles vão criando passivos em contrapartida, e as reservas não têm limites. Vou fazer de outra cor só para variar. Então eles terão essas notas correspondentes, passivos em contrapartida, e vão dar essas notas para vocês. Eles vão dar essas notas para o banco, e seria uma situação desesperadora se ele não pudesse pegar emprestado de nenhum outro banco. Então o balanço do Federal Reserve vai ficar assim. Ele era assim antes. Ele tem essas novas notas em circulação, e ao invés de notas do Federal Reserve em seus cofres, ele terá essa coisinha em seus registros chamada empréstimo ao banco, empréstimo para esse cara aqui, que é um ativo, pois ele lhe deve algo. Não há limites para quanto o Federal Reserve pode fazer isso. Claro que deve haver algum tipo de limite implícito. Se eles fizerem isso arbitrariamente, as pessoas podem não mais aceitar notas como reservas de valor. Provavelmente essa é a principal preocupação. Nos próximos vídeos eu devo falar mais sobre coisas que impedem que o Federal Reserve siga fazendo essas coisas ao seu bel prazer. Mas a ideia geral é que eles nunca quebram. Essa é uma ideia -- emprestador em última instância. Mas nem o Federal Reserve quer sair fazendo isso, pois o que acontece se esse cara for essencialmente insolvente? Se esses empréstimos não estão indo bem, então não há motivos para que o Federal Reserve devesse sequer emprestar para esse cara. Então digamos que ele olhe para o balanço desse cara e diga "quer saber? Esses empréstimos não têm valor. Eu não vou lhe emprestar mais dinheiro. O que eu vou fazer é assumir os seus ativos -- mas eu ainda não falei sobre isso. Essa é a segunda solução. A segunda solução é ter essa noção de seguro, depósitos segurados. Assim, se o banco tiver só um problema de liquidez, é um bom banco, -- "bom" entre aspas -- ele apenas ficou sem reservas, e nenhum outro banco está disposto a lhe emprestar, e você pode se perguntar se de fato é um bom banco, já que os outros não querem lhe emprestar, então ele pode ir para o mercado aberto do Federal Reserve e pegar algumas notas emprestadas. Agora, num caso em que nem isso é suficiente, e o banco está essencialmente falindo, ele vem pagando pequenas quantias ao FDIC, Fundo Federal de Seguros sobre Depósitos, -- na verdade bastante dinheiro do ponto de vista de um indivíduo, mas uma pequena quantia do ponto de vista do banco -- uma fração de uma porcentagem, uma pequena quantia anualmente para que ele possa dizer aos seus depositantes "vejam, mesmo que o nosso banco quebre, o Federal Reserve vai lhes pagar diretamente. Essas são contas bancárias do FDIC. O Federal Reserve vai lhes ressarcir completamente, independente do que aconteça com o banco." Isso, para mim, é uma grande solução. Eu lhe digo que todas as minhas economias estão em contas seguradas pelo FDIC. Isso pode soar bem para o depositante, mas qual é o efeito colateral para o sistema bancário? Vou desenhar todos aqueles bancos mais uma vez. Temos o Banco Um, o Banco Dois, o Banco Três e o Banco Quatro. Todos eles estão segurados pelo FDIC. Eles pagam uma pequena porcentagem anualmente para que possam dizer aos seus depositantes "vejam, se por qualquer razão a gente quebrar, seus depósitos estão 100 porcento seguros." E o que vai acontecer? Isso vai resolver o problema das corridas aos bancos, não? Digamos que, por qualquer razão, esse cara fica sem reservas, ou ele vai à falência. Digamos que vai à falência. Na situação antiga, antes do seguro, todo mundo vai ficar com medo, e haverá uma corrida aos bancos. Eles vão pedir seu dinheiro de volta, e não haverá reservas suficientes, pois eles só mantêm uma fração delas. Esse é o sistema bancário de reservas fracionais. Mas agora todos vão ficar mais tranquilo, "tudo está segurado pelo Federal Reserve, que pode imprimir quantas notas ele quiser, então posso ficar tranquilo." Isso resolveu o problema das corridas aos bancos. Mas você pode dizer "isso não o torna um equilíbrio instável?", o que é um tanto verdade, mas o que isso faz? Todos esses caras agora estão segurados pelo FDIC. Eu estou igualmente disposto a entregar meu dinheiro a qualquer desses caras, então vou entregá-lo àquele que me oferecer a taxa de juros mais alta. Eu fiz isso com as minhas contas. Eu fui e vi qual banco me oferecia a melhor taxa de juros, mas eu não sei como eles estão investindo esse dinheiro. Eu acharia suspeito se um banco me oferecesse taxas mais altas, pois provavelmente estão fazendo algo arriscado, mas agora eu não ligo, pois estou segurado pelo FDIC. Vou receber meu dinheiro de volta mesmo que o banco se exploda. Então eu posso entregar meu dinheiro para o banco que oferece maiores taxas de juros. Agora, baseado no que você viu no último vídeo, qual é o banco que vai oferecer a maior taxa de juros? Qual será o banco que vai assumir mais riscos? Assumir o maior risco. Mais um vez, quando você oferece esse seguro relativamente barato para todos esses bancos, e todos eles atraem mais facilmente bastante dinheiro com esse seguro, se não tivessem esse seguro, teriam que pagar bem mais. Digamos que esse seguro custa 0,1 porcento ao ano. Se não tivessem esse seguro, eles teriam que pagar muito mais que 0,1 porcento ao ano para os depositantes em taxas de juros para compensar o risco que eles estão tomando, por não estarem garantidos pelo governo. Então é um ótimo negócio para os depositantes. Vamos colocar dessa forma. Quando você faz um depósito em um banco, você está emprestando dinheiro para o banco. A sua taxa na poupança -- deixe-me escrever isso -- a taxa de juros da sua poupança é a mesma que o custo do banco em pegar emprestado, certo? Quando eu vou a um banco, e ele me paga dois porcento ao ano, esse é o custo que o banco tem para pegar dinheiro emprestado. Eles são a mesma coisa. Agora, se o banco não tivesse o seguro do FDIC, ele não poderia pagar 0,1 porcento ao ano, teria que ser mais. Ele teria que me pagar três ou quatro porcento, talvez mais, pois eu diria que é um banco arriscado, ou mais arriscado. Qualquer banco seria mais arriscado que um que pode imprimir suas próprias notas. Ele teria que pagar mais, mas agora ele só precisa pagar 0,1 porcento ao ano, ou qual for a taxa do FDIC, mas vai diminuir. Ele paga para o FDIC. Mas o principal efeito colateral é que vai reduzir o quanto eles têm que pagar aos seus depositantes, pois eles dizem "é muito mais seguro do que eu pensava." Então vai diminuir o custo de empréstimo em muito mais que 0,1 porcento. É um ótimo negócio para o banco, e é um negócio especialmente bom para os bancos super arriscados que teriam que pagar um pouco mais, mas agora podem fazer negócios bem arriscados. Você diz "mas isso são seguros, e o FDIC não é burro. Ele deveria cobrar mais de bancos arriscados." Acho que a resposta para isso é que é mais fácil de falar do que de fazer. Quando as coisas vão bem, como na década de 1920, ou durante a bolha imobiliária, você tem riscos escondidos. Você não sabe quem está assumindo o risco. Geralmente é a pessoa que está atingindo retornos mais altos, mas se eles estão sempre se dando bem, você não enxerga isso, e pensa que aquela pessoa é um gênio. Ela parece um gênio quando as coisas vão bem. Mas aí quando as coisas vão mal, aquele cara afunda, e adivinha só? Não é ele quem está na reta, é o Fundo Federal de Seguros sobre Depósitos, que durante todo esse tempo provavelmente estava cobrando pouco pelo seguro. Quero fazer um último ponto sobre isso. Nós chamamos isso de seguro, e o Fundo Federal de Seguros sobre Depósitos. Eu quero chamar atenção para a diferença do seguro financeiro -- você pode assistir o vídeo sobre swap de crédito, que é outra forma de seguro financeiro -- entre seguro financeiro e o que normalmente chamamos de seguro. Se eu sou uma seguradora de carros, e digamos que temos um monte de motoristas, e temos o Motorista Um, Motorista Dois, Três, Quatro. Eu sei que, em qualquer ano, cada um deles tem uma chance de 10 porcento de sofrer um acidente. Isso é bem mais que a realidade, mas vamos simplificar os números. Se houver um acidente, ele vai me custar 10.000 dólares. Então eu poderia dizer ao Motorista Um "há uma chance de 10 porcento de você sofrer um acidente. Isso custaria 10.000 dólares se acontecesse, então um preço justo seria 1.000 dólares, então vou cobrar 1.100 dólares. Vou cobrar 1.100 para que eu tenha um pouco de lucro, ok? Cobraria 1.000 se quisesse ficar no ponto de equilíbrio, mas vou cobrar 1.100... e isso não só com os quatro motoristas. Eu posso fazer isso com 4.000 motoristas. Na média, em um dado ano, digamos que tenho um milhão de motoristas. Em um dado ano, quanto eu vou ter de receita? Eu vou ter um milhão vezes 1.100 dólares. Eu vou receber 1,1 bilhão de dólares de pessoas pagando seus prêmios. E quanto isso vai me render? Bom, aproximadamente 10 porcento, se você acha que essas estatísticas vão virar acidentes. Isso significa que 100.000 sofrerão acidentes. Cada um desses 100.000 acidentes me custarão 10.000 dólares. 10.000 vezes 100.000. Vou desembolsar um bilhão em acidentes. Então, se meus atuários fizeram bem seu trabalho, eu vou lucrar 100 milhões ao ano. Isso funciona muito bem se pressupomos que as estatísticas estão certas, e que as pessoas estão dispostas a pagar esse prêmio, pois se houver motoristas suficientes, por exemplo um milhão, as estatística se sustentam. Em um dado ano, a chance de 20 porcento dos motoristas sofrerem acidente é muito muito baixa, quase impossível. É quase zero. Um motorista se acidentar não torna mais ou menos provável que outro motorista sofra um acidente quando você está falando de milhões de motoristas. Isso vale para seguro de vida e tudo mais. É puramente probabilístico, e se há pessoas seguradas suficientes, as estatísticas podem de fato se confirmar. Agora, com seguros financeiros é outra história. Você ou o FDIC podem dizer "em um dado ano, na média, apenas 1 em 1.000 bancos quebra." Então há uma chance de 0,1 porcento de quebra. É claro que ele vai recuperar algum dinheiro, pois na média tem alguns ativos. Mas a realidade é que quando as coisas vão mal, a quebra de bancos tende a ser correlacionada, pois estão todos interligados. Um pode ter emprestado para alguém que depende de outra pessoa para quem este cara está emprestando. O sistema financeiro está todo conectado. As falências estão todas correlacionadas entre elas. Não são eventos independentes. Então, se um banco quebra, é muito mais provável que outros bancos venham a quebrar ao mesmo tempo, e nós estamos vivendo isso agora. Então você não pode seguir o modelo de seguros, porque as estatísticas não se aplicam. Você pode usar esse modelo de seguros quando os eventos segurados não são correlacionados, mas quando os eventos tendem a acontecer todos ao mesmo tempo, o que temos é que quando tudo vai bem, você vê uma baixa taxa de perdas, e quando vai mal, todos os seus segurados afundam, e você vai se dar mal por causa desse pessoal. Nós estamos vendo isso agora, que o FDIC é na verdade -- tenho certeza que ele vai ter que ir ao congresso pedir dinheiro, e somos nós, os contribuintes, que vamos assumir esse tipo de coisa. [Legendado por Pedro Barros]