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Arquitetura Nurágica em Su Nuraxi Barumini, Sardenha

pelo Dr. Jeffrey Becker
A ilha de Sardenha é a segunda maior ilha do Mar Mediterrâneo, e foi lar de culturas milenares. Ao norte da ilha está Córsega, a leste fica a península Itálica, ao sul a Tunísia, e a oeste as Ilhas Baleares. A Sardenha foi um ponto chave de parada para marinheiros e mercadores por milênios, e tem uma herança cultural profunda e antiga. A civilização Nurágica característica e nativa da Sardenha se estende da Idade do Bronze (em torno do século XVIII a.C.) ao período Romano. Essa civilização deriva seu nome de uma forma característica de estruturas monumentais de torres de pedra conhecidas como nurague—cerca de 7.000 dessas estruturas enigmáticas ainda pontuam a paisagem da Sardenha.

Primeiros colonos

Durante os períodos Paleolítico e Neolítico, chegaram os primeiros colonos humanos da Sardenha, provavelmente de várias partes da bacia do Mediterrâneo e da Europa. A cultura Ozieri (também conhecida como San Michele) é a primeira cultura identificada estabelecida na Sardenha, datada de cerca de 3200 a 2800 a.C. Os povos Ozieri são conhecidos pelas comunidades do porte de vilas e sua cultura material inclui estatuetas de "deusas mãe" que são comuns no Mediterrâneo e no Oriente Próximo. Talvez devido aos migrantes chegando do Mediterrâneo ocidental, algumas similaridades podem ser observadas entre os artefatos da Sardenha e os das ilhas Baleares. O altar do sítio do Monte d’Accoddi é um exemplo, com suas fases iniciais datando de cerca de 4000-3650 a.C (abaixo).
Altar no Monte d’Accoddi (foto: Gianf84, CC BY-SA 3.0)
Sítio do altar de Monte d’Accoddi (foto: Gianf84, CC BY-SA 3.0)
Por volta de 2000 a.C., os povos da cultura Beaker (Campaniforme) chegaram à Sardenha, produzindo por sua vez a cultura Bonnanaro (c. 1800-1600 a.C), uma cultura proto-histórica (o período imediatamente anterior ao desenvolvimento da escrita) da Sardenha. Este grupo cultural representa o primeiro estágio da então chamada civilização Nurágica. A cultura Bonnanaro foi responsável por inovações arquitetônicas, notavelmente a chamada “tumba dos Gigantes”, um tipo de túmulo coberto em forma de galeria (abaixo).

Nurague

Arzachena, túmulo gigante Coddu Vecchiu (foto: Royonx, CC BY-SA 3.0)
Arzachena, tumba gigante Coddu Vecchiu (photo: Royonx, CC BY-SA 3.0)
O desenvolvimento dos nurague (nuragues no plural—as estruturas monumentais de onde a civilização Nurágica tirou seu nome) na Sardenha da Idade do Bronze, é um importante e interessante fenômeno arquitetônico. Um nurague é uma estrutura de pedra megalítica que normalmente tem a forma de uma torre cônica truncada. O perfil interior da torre construída usualmente tem a forma de uma colmeia, enquanto o exterior lembra a imagem mais familiar de uma torre Medieval. A construção é em pedra seca (não é utilizado nenhum material para a fixação). Diferentes níveis de alvenaria são usados nas estruturas—variando de entulho empacotado a pedras cortadas e lavradas (modeladas). Cerca de 7.000 nuragues ainda são visíveis na Sardenha, mas estudiosos estimam que 10.000 ou mais existiram originalmente. A torre central pode ser circundada por uma parede periférica e às vezes pode ser acompanhada por um assentamento vizinho. A torre em si podia ter até 30 metros de altura.
Reconstrução de Nuraghe Fenu por Gerolamo Exana (domínio público)
Reconstrução do Nurague Fenu por Gerolamo Exana (domínio público)
Enquanto a arquitetura nurágica é bem compreendida, a função do nurague em si é assunto de contínuo debate entre os estudiosos. O fato de que pouquíssimos dos nuragues existentes foram cientificamente escavados e estudados complica esse debate. Algumas teorias sustentam que os nuragues eram estruturas defensivas, outras que eles representavam símbolos de status cultural. Muitos nuragues mostram evidências de uso e reuso contínuo após a Idade do Bronze, principalmente durante as fases Púnica e Romana da história da ilha.

O sítio de Su Nuraxi di Barumini

Su Nuraxi di Barumini (foto: Franchesco Ghiani, CC BY-SA 3.0)
Su Nuraxi di Barumini (foto: Franchesco Ghiani, CC BY-SA 3.0)
O sítio de Su Nuraxi di Barumini (Barumini é o nome da região no centro-sul da Sardenha) é um dos nuragues mais cuidadosamente estudados da Sardenha. A parte mais antiga de Su Nuraxi é a torre central que tem aproximadamente 18,6 metros de altura e foi construída com basalto entre os séculos XVII e XIII a.C.. Nas fases posteriores, quatro torres auxiliares conectadas por uma divisória (uma parede externa, não estrutural) foram construídas circundando a torre central. Essa parede periférica criou um pátio central que incluía um poço. Na Idade do Ferro, uma divisória com sete lóbulos (heptalobulada) foi adicionada ao complexo.
Nuraghe em Su Naraxi di Barumini (foto: Royonx, CC BY-SA 3.0)
Na Idade do Bronze Posterior—a chamada Idade do Bronze "Final" (séculos XII a IX a.C.) uma vila de aproximadamente 200 cabanas cresceu fora do muro exterior do complexo nurágico. Algumas dessas cabanas mostraram evidências de atividade ritual, e um modelo em bronze de um nurague também foi encontrado. A vila continuou em uso durante a Idade do Ferro (séculos IX a VII a.C), novamente com evidências de atividade ritual, assim como alguma evidência de organização no assentamento. O complexo passou por uma destruição geral no fim da Idade do Ferro. Nas fases Púnica e Romana posteriores, partes do sítio foram reutilizadas, e há evidência de ocupações esporádicas continuando até o século VII d.C.
O sítio foi escavado pelo arqueólogo Giovanni Lilliu (1914-2012), que concluiu que ele tinha uma natureza defensiva, uma interpretação bastante tradicional. O local foi listado como Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO em 1997.
A civilização nurágica, e os próprios nuragues, permanecem um pouco enigmáticos, mas está claro que sua tradição arquitetônica está profundamente enraizada no Mediterrâneo. Através das evidências culturais materiais, é possível traçar as influências da cultura Sardenha na Itália continental, onde povos Etruscos e Itálicos parecem buscar inspiração nas tradições Sardenhas de metalurgia e arquitetura, entre outras.

Fontes Adicionais:

Enrico Atzeni e Giovanni Pugliese Carratelli, Ichnussa: la Sardegna dalle origini all’età classica (Milan: Libri Scheiwiller, 1981).
Miriam S. Balmuth, “The Nuraghi Towers of Sardinia,” Archaeology, vol. 34, No. 2 (March/April 1981), pp. 35-43.
Emma Blake, “Sardinia’s Nuraghi: Four Millennia of Becoming,” World Archaeology, vol. 30, no. 1, The Past in the Past: The Reuse of Ancient Monuments (Jun., 1998), pp. 59-71.
Emma Blake, “Constructing a Nuragic Locale: The Spatial Relationship between Tombs and Towers in Bronze Age Sardinia,” American Journal of Archaeology, vol. 105, No. 2 (April 2001), pp. 145-161.
Emma Blake, Social Networks and Regional Identity in Bronze Age Italy (Cambridge: Cambridge University Press, 2014).
W. G. Cavanagh, R. R. Laxton, S. Bafico, and G. Rossi, “An Investigation into the Construction of Sardinian Nuraghi,” Papers of the British School at Rome, Vol. 55 (1987), pp. 1-74.
Stephen L. Dyson and Robert J. Rowland, Shepherds, Sailors, and Conquerors: Archeology and History in Sardinia from the Stone Age to the Middle Ages (Philadelphia: University of Pennsylvania, Museum of Archeology and Anthropology, 2007).
R. Ross Holloway, “Nuragic Tower Models and Ancestral Memory,” Memoirs of the American Academy in Rome, vol. 46 (2001), pp. 1-9
Giovanni Lilliu, “Il nuraghe di Barumini e la stratigrafia nuragica,” Studi Sardi 12-13.1 (1955) pp. 137-469.
Giovanni Lilliu, La civiltà dei sardi: dal neolitico all’età dei nuraghi (Turin: ERI, 1963).

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