A Peplos Kore da Acrópole

Estamos olhando a figura conhecida como Kore de Peplos no Museu da Acrópole de Atenas. Agora, essa é uma coisa engraçada que acontece na História da Arte. Coisas são nomeadas com base em pensamentos originais sobre algo. Mas depois que a pesquisa é feita o nome não funciona mais. Mas nós mantemos o nome porque todo mundo conhece por ele. Exato. Ela é conhecida como Kore de Peplos porque pensávamos que ela estava usando um peplos, que é uma roupa grega antiga, um retângulo de pano, geralmente linho, que é colocado nos ombros e então cai. Uma kore é um tipo de figura que era encontrada ao longo da Grécia Antiga. É uma figura feminina que é vestida e é a contraparte do kouros masculino, que era nu. Kore significa jovem moça em grego. Ambos korai e kouroi foram muito encontrados durante o período arcaico que é o período anterior ao classico. É uma escultura pequena e foi encontrada na Acrópole. Korais eram geralmente oferendas à deusa Atena trazidas, surpreendentemente, em muitos casos, por homens. Mas pesquisas recentes sugerem que essa pode não ser representação de uma jovem. Essa pode ser uma deusa. Essa figura está vestida de forma incomum. Entre as esculturas de jovens moças que foram encontradas na Acrópole, esta é a única vestida assim. Agora, historiadores da arte estão ativamente discutindo sobre o que ela está usando. Alguns ainda acreditam na ideia de peplos. Alguns sugerem que é uma túnica abaixo do peplos. Alguns dizem que há uma capa acima. Então há muitas possibilidades. Também foi pesquisada a coloração original da figura que nos ajuda a entender sua roupa. Porque o que ela está usando é tão incomum e tão similar às esculturas das deusas, há uma conjectura recente, cuidadosamente pesquisada, que esta pode não ser uma oferenda que é a verdade da maioria das korai na Acrópole. Mas esta é uma deusa, talvez Ártemis ou Atena. Ártemis é muito importante. Ela era a deusa da caça. E ela costumava levar um arco e flecha. E o que é tão frustrante sobre essa escultura é que não temos o que ela carregava, o que resolveria de uma vez por todas muitas questões sobre quem ela era. Ela claramente tinha o braço esquerdo reto, dobrado no cotovelo. Que era característico das representações dessas jovens. Mas nesse caso achamos que ela poderia estar segurando o arco com a mão esquerda e podemos ver na sua mão direita um punho que está perfurado de uma forma que poderia ter segurado um arco, então ela pode ser Ártemis, a deusa que os romanos depois chamariam de Diana. Olhemos a figura de perto. Vemos que tem muitos buracos em sua cabeça. Ela provavelmente usou um diadema de metal, um tipo de coroa de metal com raios que sairiam o que certamente sugere sua divindade. Isso não era incomum para as figuras femininas usar coroas ou outros tipos de jóias que eram representadas em pintura ou como metal que era aplicado à escultura. Podemos ver que há uma haste que sai do topo de sua cabeça e alguns historiadores da arte sugerem que pode ter tido uma crescente acima do diadema. Como você disse, vemos buracos para brincos de bronze que estariam lá originalmente. Seu rosto seria mais complexamente pintado. Apenas o vermelho realmente sobrevive, mas nós pensamos que havia alguma escuridão ao redor dos olhos e ao redor das sobrancelhas tanto quanto vermelho e talvez mais cores sutis também. A escultura indicou não apenas seus seios e sua cintura, mas também um senso sutil de pernas abaixo da roupa pesada. Tem um pequeno senso de movimento na figura. Essa é uma figura muito arcaica. Ela usa aquele sorriso arcaico. Mas temos que lembrar que o sorriso não era para ser uma expressão de emoção, de felicidade, mas sim um símbolo de bem-estar. E aquele sorriso dá à figura um senso de transcendentalidade, um senso de idealidade, de não engajar no mundo de emoção e dificuldade mas de alguma forma estar acima de tudo e então isso faz sentido para a figura de uma deusa ou a figura que representa o ideal de feminilidade. Eu acho que era lindamente expressa quando essa escultura era nova e ainda brilhante. Encontramos traços de tinta na banda de baixo do tecido pendurado acima do abdome. E na frente de seu vestuário parece partir somente no meio do tronco. Vemos representação de bordado de estampas decorativas, de animais. Correto, vemos esfinge. Vemos cavalos. Há representações de, talvez, cabras. Todas são visíveis apenas em iluminação especial e não são mais visíveis aos olhos. E talvez sugiram fecundidade ou fertilidade. É muito difícil saber. O que sabemos é que ela é uma das mais excepcionais figuras do período arcaico. Nós temos sorte que ela sobreviveu por todos esses anos. [Legendado por Raysa Valentim] [Revisado por Pedro Byrro]