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Curso: Cosmologia e astronomia > Unidade 3
Lição 3: Rotação e inclinação da Terra- As estações não são definidas pela proximidade do Sol
- Simulador de estações do ano
- Como a inclinação da Terra produz as estações
- As estações no hemisfério sul são mais severas?
- Precessão e obliquidade dos ciclos de Milankovitch
- Precessão fazendo o periélio acontecer mais tarde
- O que causa a precessão e outras mudanças orbitais
- Precessão apsidal (precessão do periélio) e ciclos de Milankovitch
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Precessão e obliquidade dos ciclos de Milankovitch
Como as mudanças na rotação da Terra podem afetar estações e o clima do planeta. Versão original criada por Sal Khan.
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Transcrição de vídeo
RKA4JL - E aí, pessoal,
tudo bem? Nós vimos
em vídeos anteriores que a Terra demonstra
uma certa inclinação relativa ao plano orbital
em torno do Sol, ou, então, o plano da órbita
da Terra em torno do Sol. Deixe-me desenhar essa inclinação
da Terra relativa ao plano orbital. Então aqui nós temos
o plano orbital. Deixe-me desenhar
mais ou menos aqui. Então estamos olhando
lateralmente para ele, ou seja, para esse plano orbital
que estou desenhando em laranja. Talvez nesse ponto
da órbita da Terra o Sol esteja
à esquerda. Portanto, os raios solares
estão vindo nessa direção. Nós aprendemos que a Terra
apresenta uma certa inclinação. A Terra está inclinada, o que significa que se pensarmos
no eixo de rotação, ele não é perpendicular
ao plano da órbita, ou seja, ao plano da eclíptica. Deixe-me colocar isso.
Deixe-me desenhar. Nós vamos formar
um ângulo. Então se nós desenharmos uma seta
saindo do polo norte, seria mais ou menos assim. E a Terra gira
nessa direção. Nós podemos ver que
o sistema de setas que desenhei não é perpendicular
ao plano, ou seja, ele faz um ângulo
de 23,4 graus com o eixo vertical,
ou seja, o eixo perpendicular. E nós aprendemos que isso
é a principal causa das estações do ano, e que quando o hemisfério norte
está apontado para o Sol, ele recebe uma quantidade
desproporcional de radiação solar, pois o que quer
que atravesse a atmosfera, atravessará menos
no hemisfério norte, e assim ele receberá
mais luz do dia, ou seja, quando a Terra está
para o outro lado do Sol, o hemisfério norte aponta
para longe do Sol e ocorre a situação oposta. O contrário é verdadeiro
para o hemisfério sul. Mas naquele vídeo, quando conversamos sobre
como a inclinação pode afetar nas estações, eu também dei a ideia
de que esta é a atual inclinação e por longos períodos de tempo
até pode mudar. Particularmente
elas podem variar, mas essas variações diferentes
demoram milhões de anos. Mas varia, aproximadamente,
entre 22,1 e 24,5 graus. Mas observe que essa variação
não foge muito dos 23,4°. Então se nós colocarmos isso
no nosso desenho, 22,1 estaria
mais ou menos aqui nessa direção e 24,5 estaria mais ou menos
aqui nessa direção. Ou seja, não é
uma grande diferença, mas isso pode causar um impacto muito grande nas estações do ano, e também no clima, especialmente em probabilidades
de diferentes partes do planeta que congelam
e que não congelam, ou então quanto de luz solar
vão receber, e tudo mais. Na verdade, 41 mil anos para passar de uma inclinação mínima para uma inclinação máxima. Então, 41 mil anos para passar de uma
inclinação máxima para uma mínima, ou de uma mínima
para uma máxima. E, atualmente, a inclinação
é de 23,4°. Nós estamos bem no meio
desse intervalo e acredita-se
que a última máxima aconteceu em
8.700 antes de Cristo, e que a próxima mínima
será no ano de 11.800. Ou seja, não é algo que acontece
da noite para o dia, porém é algo
que pode afetar o nosso clima em longos períodos de tempo. Esse é apenas
um fator. Muitas vezes para essa inclinação
dá-se o nome de obliquidade. Na verdade, esse aqui é um nome
mais matemático para inclinação. Então, a mudança
de obliquidade, ou mudança
de inclinação, é uma das mudanças
na rotação da Terra, ou da órbita terrestre
em torno do Sol, que podem ter ciclos
de longo prazo ou afetar o clima. Talvez isso
possa até contribuir para a ocorrência
de algumas eras de gelo, isso quando atuam juntos
sobre certos ciclos. Em geral,
esta classe inteira de ciclos é chamada
de ciclos de Milankovitch. Então deixe-me colocar
isso aqui: ciclos de Milankovitch. E Milankovitch foi um cientista sérvio que teorizou que estas mudanças na órbita da Terra devem ser responsáveis
por mudanças climáticas de longos períodos, ou alguns ciclos quando entramos
na era do gelo e depois saímos,
ou seja, temos climas mais extremos
ou climas menos extremos. Então as mudanças
da obliquidade são apenas um dos fatores
possíveis atuando nos ciclos
de Milankovitch. E o que nós vamos fazer
neste vídeo e nos próximos é falar sobre esses fatores
ou, ao menos, resumir todos
os diferentes fatores. Claro, esse fator
é bem intuitivo, ou seja, de que a inclinação
pode mudar. Mas outro fator que é menos intuitivo
quando pensamos nele é chamado precessão. Deixe-me colocar
isso aqui. Precessão. A ideia por trás
da precessão… Eu acho que a melhor analogia
que posso pensar é um pião. Então imagine a Terra
com um pião que está girando nesta direção. Então, girando
nesta direção. A obliquidade nos diz,
essencialmente, o quanto estamos oscilando. Na verdade, imagine um pião
cambaleando nessa direção. Ele vai estar,
mais ou menos, assim. Ou seja,
ele gira inclinado. Imagine que esse aqui é o polo
e ele está girando nessa direção. Então, a melhor forma
de pensar nisso é um pião cambaleando. Se nós pensarmos no pião, a nossa seta uma hora vai estar apontando nessa direção, e se nós esperarmos mais alguns
segundos, ela aponta nessa direção. Portanto, nesse tempo todo
a obliquidade não variou. Com a obliquidade, nós podemos ver
o quão distante da reta vertical é a inclinação. E não importa em qual ponto
esta rotação está, ou seja, ela não se altera. Nós podemos entender
a precessão como em que ponto
esta inclinação está. Um pouco difícil
de visualizar, mas se nós olharmos
diferentes diagramas, eu acho que fica mais fácil
de se entender. Mas eu quero deixar bem claro
que a inclinação demora bastante tempo para variar do valor mínimo
para o valor mais alto, ou seja, para o valor máximo. Quero dizer que demora
bastante tempo para que a precessão
da Terra varie de forma significativa. Então demora bastante tempo para que esta seta aqui
complete um ciclo, ou seja, uma volta. Isso demora
26 mil anos. Então, 26 mil anos para nós termos
um ciclo de precessão completo. O que eu quero fazer
é que, dado que a precessão está ocorrendo, quero discutir como ela pode
afetar as estações do ano e como isso poderia afetar
a forma como pensamos o ano ou até mesmo
o calendário. Vamos desenhar a órbita da Terra
em torno do Sol. Então aqui está o Sol e eu vou desenhar
a órbita da Terra também. Eu não vou pensar muito
na forma da Terra. Eu vou assumir que ela é
quase esférica. Em futuros vídeos, nós vamos falar sobre a excentricidade
e o quão elíptica é a órbita da Terra. Também vamos ver
o quanto isso afeta os ciclos
de Milankovitch ou até mesmo atua
sobre estes ciclos. Deixe-me desenhar
a órbita da Terra aqui. Então, desenhar a órbita
em torno do Sol. Podemos imaginar
que a Terra está neste ponto e que está inclinada
na direção do Sol. Está para o Sol, portanto,
no hemisfério norte e claro, eu estou assumindo que
esta seta está saindo do polo norte, então, se
não houver precessão ainda teremos neste ponto
a mesma direção da inclinação, e então estaremos apontando
para a mesma parte do universo e ainda teremos
a mesma estrela do norte. Assim, neste ponto, nessa posição, ainda estaremos inclinados
para a mesma direção relativa ao universo. Mas claro, a inclinação
está para longe do Sol. Portanto, seria inverno
no hemisfério norte. E se não houver precessão,
quando voltarmos a este ponto aqui, ainda estaremos inclinados
na mesma direção. Então,
se a inclinação mudar, nós podemos mover
um pouco para cima, para baixo, para o Sol
ou para longe dele. Mas isso assumindo
que não existe precessão. Agora vamos pensar no que acontece
quando há precessão? Ou seja, quando chegamos
neste ponto, novamente, não estaremos apontando
exatamente para a mesma direção. Essa seta estará apontando
um pouco mais para longe. Deixe-me desenhar isso aqui
um pouco maior. Então deixe-me desenhar a Terra
um pouco maior e vou desenhar a minha seta
um pouco maior também. Eu sei que é um pouquinho difícil
de visualizar, pelo menos para mim é
um pouco difícil de visualizar, mas, uma vez que você entende isso,
fica mais fácil de visualizar. A primeira vez
que eu vi isso foi um pouco difícil de compreender
como a precessão era diferente de obliquidade
ou inclinação. Então vamos lá. Obliquidade é quão distante
nós estamos da reta vertical. Assim,
se não houvesse precessão, nós estaríamos apontando, exatamente,
para a mesma direção todo ano. O que acontece
com a precessão é que cada ano
esta seta, lentamente, está traçando um círculo,
mais ou menos assim. Portanto, após muitos anos, quando estivermos no mesmo ponto em relação ao Sol, ou seja, no mesmo lugar
no sistema solar, a seta não estará apontando mais
naquela direção, isso porque já traçou
um pouco mais do círculo, ou seja, está apontada
nessa direção, mais ou menos nessa direção.
Varia um pouquinho. Agora, quando está apontada
nesta direção, no mesmo ponto
em relação ao Sol, ou seja, no mesmo ponto da órbita, ainda será verão
no hemisfério norte? Não será mais
porque, agora, a seta não estará mais
inclinada para o Sol. Ela estará para o lado
contrário: ela devia estar
quase toda apontada para o Sol um pouco mais cedo
no ano, ou seja, pode ser que esteja
apontada para o Sol mais ou menos
nesse ponto aqui. Na verdade, isso levaria
milhares de anos para que a precessão
se alterasse assim. Então, mais ou menos neste ponto aqui
estaria mais apontada para o Sol. Então, o real efeito da precessão
sobre as estações do ano e como nós sentimos o ano é que cada ano em relação
à órbita da Terra em razão da Terra ser como um pião que lentamente gira, traçando um círculo, isto é, traçando um círculo
com o seu polo, o que ela faz é mudar a inclinação para perto ou longe do Sol um pouco mais cedo no ano. Eu sei que é difícil
de visualizar, mas vocês podem pegar um pião e uma bola de basquete como o Sol e podem fazer diversos testes para ver
como funciona. A precessão
é um desses fatores que atuam sobre os ciclos
de Milankovitch. O que veremos é que, quando combinamos as mudanças na precessão com as mudanças na inclinação é que combinamos
com a órbita, quanto ela é circular ou elíptica
e como ela também pode mudar. Então nós temos
uma forma aceitável para explicar o porquê da Terra entrar
nesses ciclos climáticos. Isso por dezenas
de milhares de anos. Mas é isso aí, pessoal.
Até a próxima aula!