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Curso: Cosmologia e astronomia > Unidade 3
Lição 3: Rotação e inclinação da Terra- As estações não são definidas pela proximidade do Sol
- Simulador de estações do ano
- Como a inclinação da Terra produz as estações
- As estações no hemisfério sul são mais severas?
- Precessão e obliquidade dos ciclos de Milankovitch
- Precessão fazendo o periélio acontecer mais tarde
- O que causa a precessão e outras mudanças orbitais
- Precessão apsidal (precessão do periélio) e ciclos de Milankovitch
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Precessão fazendo o periélio acontecer mais tarde
Esclarecimento sobre o efeito de precessão axial no calendário e as datas de periélio e afélio. Versão original criada por Sal Khan.
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Transcrição de vídeo
RKA22JL - E aí, pessoal.
Tudo bem? No vídeo em que falamos
a respeito dos ciclos de Milankovitch, nós falamos a respeito de precessão e como a
inclinação da Terra, a obliquidade, também pode mudar. E no vídeo, teve o seguinte comentário: “Se eu entendi bem, a precessão muda o tempo
das estações durante longos períodos de tempo e mudanças de obliquidade mudam os pontos fortes
das estações por longos períodos de tempo. Então, em milhares de anos, se ainda usarmos
o mesmo sistema de calendário, verão e inverno acontecerão em meses diferentes
e serão mais suaves ou mais severos”. Esse é um comentário muito legal
para nós analisarmos. Vamos lá então. A primeira parte dele não é
exatamente verdade, e é nisso que eu vou
focar nesse vídeo. Ele diz o seguinte: “A precessão muda o tempo das estações
durante longos períodos de tempo”. Isso é até verdade, mas não no sentido
que eu acho que a pessoa queria dizer. A segunda parte podemos dizer
que é verdade. Ou seja, mudanças na obliquidade mudam os pontos fortes
das estações por longos períodos de tempo. Ou seja, se você está
inclinado para o Sol ao extremo, sim, você vai ter uma disparidade maior
do que quando você está menos inclinado. Ou seja, quando você está
inclinado para longe do Sol. O que eu estou querendo dizer é que, se a inclinação do eixo de rotação da Terra
estiver apontada para longe do Sol, a disparidade entre verão e inverno será
maior do que quando está apontada para o Sol. Essa segunda afirmação é verdade, embora você tenha que ter um pouco
de cuidado quando está falando de clima, porque existem fatores externos
que podem influenciar nisso. Além disso, você pode estar
em diferentes partes do globo e que podem também
mudar o clima. Mas, enfim, eu vou
focar na primeira parte e isso vai dar uma melhor compreensão
do que é a pressão do que precessão. Ah, e a última parte do comentário
não é verdadeira, ou seja, “em milhares de anos, se ainda
usarmos o mesmo sistema de calendário, verão e inverno acontecerão em meses diferentes
e serão mais suaves ou mais severos.” Nós vamos ver
que isso não é verdade porque o nosso calendário
é baseado em quando estamos mais inclinados para o Sol
ou menos inclinados. Portanto, o nosso calendário, podemos até
dizer que leva em conta a precessão, mas o que realmente faz ele
mudar é o fato de estarmos mais próximos ou
mais distantes do Sol. Ou seja, o periélio
ou o afélio. Vamos pensar
a respeito disso, então. Deixa eu desenhar o Sol aqui, e eu também posso
desenhar a órbita da Terra em torno do Sol e eu vou colocar
com uma certa excentricidade. E você sabe o que significa
excentricidade? Bem, um círculo não tem excentricidade.
Agora, uma elipse, tem. Se eu desenhar uma elipse mais excêntrica
vai ser algo mais ou menos assim. Portanto, nós podemos dizer que excentricidade
é um desvio, um distanciamento, do centro. Ou seja, podemos dizer que é o quão longe
você está de ser perfeitamente circular. A órbita da Terra em torno do Sol
é muito próxima de ser circular, mas tem uma certa excentricidade.
Então vamos lá. O ponto mais perto do Sol é o periélio
e o ponto mais distante é o afélio. Claro, a diferença entre os dois
não é tão grande assim, tá? É cerca de
três por cento, mas nós vamos aprender
que isso também está mudando. Então a órbita da Terra se parece
com algo mais ou menos assim. Tem uma certa excentricidade, né? Então o ponto mais próximo é o periélio
e o ponto mais distante é o afélio. E vimos que nesse momento o periélio
está acontecendo em janeiro, e isso vai mudar com o tempo,
como vamos ver nesse vídeo, e o afélio nesse momento
ocorre em julho. Agora, um momento no qual estamos
mais inclinados para o Sol não está no periélio nesse momento.
Na verdade, ocorre algumas semanas antes. Então, quando estamos
mais inclinados para o Sol, nós temos o nosso solstício de inverno.
Claro, isso no caso do hemisfério norte. Então se colocarmos
a nossa inclinação aqui, se eu sair do Polo Norte,
seria algo mais ou menos assim. Isso aqui dependendo do ano de onde
você está em seu fuso horário e tudo mais, ocorre entre 21 e 22 de dezembro.
Eu vou colocar aqui 21 do 12 (21/12). E o hemisfério norte está mais inclinado
para o Sol por volta de 20 ou 21 de julho. Ou seja, cerca de
seis meses depois. Claro, isso depende de ano bissexto,
lembrando que os meses têm dias diferentes. Tudo isso é levado
em consideração, mas se você for mais ou menos
meio ano longe, o hemisfério norte vai estar
mais inclinado para o Sol. Algo mais ou menos assim. Isso ocorre algumas semanas
antes do afélio, ou seja, antes de estarmos
mais longe do Sol. O que eu quero fazer agora
é dar um zoom aqui nesse dia 21/12 e digamos que essa aqui seja a Terra, ou seja,
eu estou dando um zoom nessa Terra, eu também posso colocar
o eixo de rotação dela aqui. E sabemos que esse eixo de rotação
e a reta normal, ou seja, a reta vertical, tem uma inclinação,
uma obliquidade, que é de 23,4 graus. Isso é obliquidade, é a inclinação
do eixo de rotação da Terra com a reta normal e esse ângulo varia entre
22 graus e 24 graus e meio, durante longos
períodos de tempo. Eu acho que isso demora cerca de 41 mil anos,
se eu não estiver enganado. Isso afeta em algum nível a gravidade e, nesse momento,
a inclinação está caminhando para o mínimo. Isso ainda vai demorar
alguns milhares de anos para acontecer. Em algum momento,
ela vai chegar em um mínimo e vai começar a voltar caminhando
para a inclinação máxima. Ou seja, vai e volta nesse intervalo.
E falando a respeito de precessão, essa reta aqui, a direção
de seu eixo de rotação, vai traçando um círculo durante
um longo período de tempo e esse ciclo demora
mais de 26 mil anos. O que eu estou querendo dizer
é que a Terra está girando nessa direção, no sentido anti-horário, portanto,
essa é a direção orbital, ou seja, a rotação dessa Terra
está nessa direção. E quando falamos de precessão axial,
vimos que existem outros tipos de precessão. Mas que, quando eu falo apenas “precessão”,
eu estou me referindo à precessão axial. E quando eu estou falando que a direção
do eixo de rotação vai mudando e vai construindo um círculo
durante um longo período de tempo, eu estou dizendo que a direção vai
mudando dessa forma formando um círculo. E se avançarmos 1.800 anos,
onde a seta vai estar? E o que acontece
com o nosso calendário? Ainda vamos ter uma inclinação
de 23,4 graus, mas a direção
da inclinação vai mudar. Claro, meu desenho não está em escala
então não é totalmente perfeito. E a parte de baixo desse eixo de rotação
também vai mudar de direção, então daqui a 1.800 anos, a inclinação pode
até ter mudado um pouco, mas o que a precessão faz é mudar
a direção desse eixo de rotação que vai traçando esse círculo,
e quando esses 1.800 anos passam, o hemisfério norte ainda vai estar apontando para
longe do Sol, mas não da mesma maneira. Agora se pensarmos um mês antes,
isso ainda daqui a 1.800 anos, a direção vai estar apontada
ainda mais para longe do Sol. Ou seja, aqui é
um mês antes, e a inclinação vai estar
um pouco mais apontada para longe do Sol. E pensando nos dias atuais,
ainda não estamos no ponto mínimo, mas por causa dessa precessão, podemos dizer
que a direção do eixo de rotação está mudando. Ou seja, estamos em um ponto diferente
da nossa órbita onde estamos um pouco mais
apontados para o Sol. Isso aqui é aproximadamente
daqui a 1.800 anos. E aí é nesse momento
que a pessoa do comentário deve se perguntar: “Espere aí. Daqui a 1.800 anos
esse início da órbita não vai ser em novembro?” A resposta é não.
Ainda vai ser no dia 21/12. Isso porque o nosso calendário é baseado em quando
estamos mais inclinados ou menos inclinados para o Sol. E, por definição, quando estamos
apontados para longe do Sol, nós temos o
solstício de inverno. E, no Brasil, o solstício de inverno
acontece no dia 21/06. É o contrário, porque grande parte do Brasil
está no hemisfério sul, mas o que eu quero dizer é que,
de acordo com o que eu desenhei aqui, o periélio vai mudando um pouco a cada ano
e também existe uma precessão do periélio, mas eu não vou entrar
em muitos detalhes disso nessa aula. Mas se avançarmos 1.800 anos,
tudo o que vamos considerar é o dia 21/12 como um ponto absoluto
em nossa órbita. Ainda vamos estar
mais cedo em nossa órbita em comparação ao outro ponto,
mas ainda vai ser o dia 21/12. O periélio vai ficar um pouco
mais longe desse dia 21/12. Nesse caso, vai demorar
um mês a mais. Ou seja, daqui a 1.800 anos, o periélio não vai ser
mais em janeiro e, sim, em fevereiro. Basicamente, o nosso calendário não se
baseia no ponto exato no espaço em relação ao Sol. Nosso calendário é baseado
na inclinação máxima ou mínima no eixo de rotação da Terra
em relação ao Sol. E como vimos, isso muda ligeiramente
de onde ocorre o ponto absoluto no espaço. Eu acho que isso muda
cerca de 20 minutos por ano. Ou seja, a cada ano, o periélio
fica 20 minutos mais tarde. Mas, enfim, eu espero
que essa aula tenha os ajudado. E até a próxima, pessoal!