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Curso: Cálculo multivariável > Unidade 5
Lição 3: Teorema de Green (artigos)Teorema de Green
O teorema de Green relaciona o rotacional de uma integral dupla a uma certa integral de linha. É realmente muito bonito.
Conhecimentos prévios
Não é estritamente necessário, mas é útil para uma compreensão mais completa:
Outros recursos
Você pode encontrar exemplos de como o Teorema de Green é usado para resolver problemas no próximo artigo. Aqui, falarei sobre o que considero ser uma bela linha de raciocínio para explicar por que ele é verdadeiro. Você pode encontrar uma outra perspectiva no vídeo do Sal sobre esse assunto.
Uma lição, quatro ensinamentos
O Teorema de Green é um dos quatro principais teoremas no ápice do cálculo multivariável:
- Teorema de Green
- Teorema da divergência em 2D
- Teorema de Stokes
- Teorema da divergência 3D
A boa notícia é que os quatro têm princípios bem parecidos. Então, se você realmente chegar no ponto de estar totalmente familiarizado com o Teorema de Green, já estará bem adiantado para entender os outros três!
O que estamos construindo
- Estrutura:
é um campo vetorial bidimensional. é uma região no plano . é a fronteira dessa região, orientada no sentido anti-horário.
- O Teorema de Green afirma que a integral de linha de
em torno da fronteira de é igual à integral dupla do rotacional de em : - Pense no lado esquerdo da equação como sendo a soma de todas as pequenas porções de rotação em todos os pontos dentro da região
, e no lado direito como a medida da rotação total do fluido ao redor da fronteira de . é frequentemente escrito em relação às suas componentes, como a seguir:Em função de e , o Teorema de Green fica assim:
Rotação do fluido ao redor de uma fronteira
A medida que você lê sobre isso, a imagem que deve ter em mente é a de uma região em um campo vetorial.
é a função do campo vetorial. E, como você já deve estar se acostumando caso tenha lido outros artigos como esse que envolvem campos vetoriais, imagine que representa um fluxo do fluido. é uma região no plano . Na prática, e em exercícios, ela será uma figura bem definida como um círculo ou a fronteira entre dois gráficos. Mas, enquanto estiver pensando de forma abstrata, gosto de desenhá-la simplesmente como uma mancha. é a fronteira de , orientada no sentido anti-horário. Lembre-se dessa orientação, porque ela é realmente importante na hora de resolver problemas. Sentido anti-horário. Está memorizando? Sentido anti-horário.
Verificação de conceito: como você interpreta a seguinte integral de linha em função do fluxo do fluido?
(Lembre-se de que, em uma integral de linha por um campo vetorial, o termo representa um pequeno passo ao longo da curva, como um vetor, que nesse caso sempre apontará no sentido anti-horário.)
Confira aqui uma maneira de pensar sobre a integral de linha : imagine-se remando um bote ao redor da linha , no sentido anti-horário.
Em cada ponto de sua trajetória, o vetor dá o sentido do seu movimento. O produto escalar será positivo em pontos nos quais o fluxo do fluido estiver a seu favor, e negativo nos pontos em que estiver contra você.
No geral, a integral de linha soma todos esses produtos escalares para lhe dizer se o fluxo, na maior parte do tempo, lhe ajudou ou lhe atrapalhou.
Então, essa integral de linha será positiva quando o fluxo do fluido tiver uma tendência geral anti-horária ao redor da fronteira (o que significa que ela, em geral, ajudou), e negativa se tiver uma tendência horária (em geral, atrapalhou).
Trazendo a fronteira para o interior
O Teorema de Green se resume em utilizar essa ideia de rotação do fluido ao redor da fronteira de e relacioná-la com o que acontece dentro de . Conceitualmente, isso vai envolver dividir em várias partes pequenas. Em termos de fórmula, o resultado final será calcular a integral dupla de .
Dividir a região
Imagine dividir ao meio a região com uma linha reta de cima a baixo, gerando duas sub-regiões e :
Denomine as fronteiras dessas duas regiões e . O que acontece se pegarmos as integrais de linha de ao redor dessas duas fronteiras e as somarmos?
Observe que essas integrais de linha se anularão ao longo do corte vertical que você fez. Notadamente, a integral ao redor de vai para "cima" por essa linha, enquanto a integral ao redor de integra essa linha para "baixo". (Lembre-se de que, ao realizar uma integral de linha em um campo vetorial, mudar a direção ao longo de uma curva multiplica seu resultado por ).
Isso significa que a soma de nossas duas integrais é igual a simplesmente percorrer toda a fronteira .
Dividi-la novamente
Você poderia fazer isso mais uma vez, talvez agora com um corte horizontal:
Se você integrar ao redor das fronteiras das quatro sub-regiões resultantes, todas as integrais se anularão ao longo das divisões que você fez no interior de :
Em uma fórmula, isso significa que a soma das integrais de linha em torno das quatro sub-regiões acabam simplesmente se igualando à integral de linha em torno da região inteira:
Devo salientar que isso só funciona se nos certificarmos de que todas fronteiras estão orientadas da mesma forma. Caso contrário, elas podem não se anular ao longo das divisões. É comum pensar no sentido anti-horário como sendo o sentido positivo, então considere tudo como sendo orientado no sentido anti-horário.
Dividi-la várias e várias vezes
Você já deve ter entendido onde eu quero chegar com isso. Imagine dividir a região em muitas e muitas pequenas partes, . Oriente todas as suas fronteiras no sentido anti-horário e integre a função sobre cada uma.
As integrais se anularão ao longo de todas as divisões no interior de . Isso ocorre porque, para qualquer número de divisões, uma das integrais percorrerá uma divisão em um sentido enquanto outra a percorrerá no sentido contrário. Por fim, as únicas partes nas quais estas integrais não se anulam são as partes da fronteira .
Isso significa que somar as integrais de linha ao longo das fonteiras das pequenas partes resultará no mesmo que apenas fazer a integração sobre a região completa:
Integrando o rotacional
Então, por que estou fazendo isso? Porque existe uma outra maneira de interpretar cada uma dessas integrais de linha em torno de uma pequena parte usando um rotacional bidimensional. Escolha uma dessas partes e a amplie.
- Considere
a parte escolhida, com fronteira . - Considere
a área de , que estamos considerando ter um valor muito pequeno. - Considere
um ponto dentro dessa parte (pode ser qualquer ponto).
A rotação do fluido ao redor dessa parte por causa de pode ser medida pela integral de linha . Pense no pequeno bote a remo. Mas, como essa é uma parte bem pequena, existe outro conceito de cálculo multivariável que mede a rotação do fluido: o rotacional.
Essa integral de linha pode ser aproximada calculando o de em qualquer ponto dentro de , e multiplicando-o pela (pequena) área :
Ademais, e isso é importante, quanto menor for , melhor será essa aproximação.
Ao somar essas aproximações para todas as pequenas partes , você obterá:
Com base na seção anterior, chegamos à conclusão de que o lado esquerdo acima é igual a uma única integral de linha ao redor da fronteira inteira de , então podemos reescrever essa aproximação assim:
Agora, preste atenção na soma do lado direito.
- Ela inclui uma função de valor escalar,
- A soma é calculada sobre várias partes pequenas
de uma região bidimensional, . - Para cada parte dentro da soma, a função é calculada em um ponto dentro dessa parte e, em seguida, multiplicada pela sua área.
Isso lhe soa familiar? Esta é a receita para uma integral dupla! (Se isto não lhe soa familiar, considere a leitura deste artigo sobre integrais duplas.)
Em particular, se você se imaginar dividindo verticalmente a região em partes cada vez mais finas, você poderá substituir a soma acima por uma integral dupla de sobre :
Resumindo, temos:
Isto é, na verdade, mais que uma simples aproximação. A integral de linha ao redor da fronteira equivale à integral dupla do rotacional bidimensional:
Este fato maravilhoso se chama Teorema de Green. Ao observá-lo, você pode lê-lo como dizendo que a rotação de um fluido ao redor da fronteira completa de uma região (lado esquerdo) é o mesmo que considerar todos os pequenos "pedaços de rotação" dentro da região e somá-los (lado direito).
Notação alternativa
É muito comum ver o teorema de Green escrito assim:
Isto está apenas explicitando o produto escalar na integral de linha do lado esquerdo, assim como o rotacional na integral dupla do lado direito. Por alguma razão, é comum usar as letras e para denotar as componentes da função de valor vetorial :
No próximo artigo, você encontrará exemplos de como essa fórmula pode ser usada para tornar tanto integrais de linha quanto integrais duplas mais simples.
Resumo
- Você pode pensar na integral de linha
como a medição do rotacional do fluxo do fluido representado pelo campo vetorial ao redor da curva . Convencionou-se pensar na rotação no sentido anti-horário como sendo positiva, então, nesse caso, deve estar orientada no sentido anti-horário.
- Imagine dividir a região bidimensional
delimitada por em várias pequenas partes. Denomine as fronteiras dessas partes de , e oriente todas elas no sentido anti-horário. Então, somar as integrais de linha de ao redor de cada fronteira das partes resulta no mesmo que a integral de linha ao redor da fronteira completa .Isto é, as pequenas integrais de linha se anulam ao longo de todas as divisões dentro de . - Como você considera partes cada vez menores, a integral de linha em torno de cada pequena parte pode ser aproximada usando um rotacional bidimensional.
- Ao somar essas pequenas "porções de rotacional" usando uma integral dupla sobre
, e aplicar o fato de que a soma das integrais de linha se anulam ao longo das divisões interiores, você obtém o teorema de Green.
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