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Biblioteca de Biologia
Curso: Biblioteca de Biologia > Unidade 36
Lição 2: Curso intensivo: Ecologia- A história da vida na terra
- Ecologia populacional: O mistério do mosquito do Texas
- Crescimento populacional dos seres humanos
- Ecologia das comunidades: onde está o amor?
- Ecologia das comunidades II: Predadores
- Sucessão ecológica: Mudar é bom
- Ecologia dos ecossistemas: Elos na cadeia
- Os ciclos hidrológico e do carbono: Recicle sempre!
- Ciclos do nitrogênio e do fósforo: Recicle sempre!
- Cinco impactos humanos no meio ambiente
- Poluição
- Ecologia da conservação e da restauração
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Ecologia da conservação e da restauração
Hank discute diferentes tipos de biodiversidade, e como a biodiversidade pode ser medida, preservada e restaurada. Versão original criada por EcoGeek.
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Transcrição de vídeo
RKA3G Durante os dois últimos vídeos,
investigamos a vida em nosso planeta e aprendemos como ele funciona em diferentes níveis. Como as populações de organismos interagem, como as comunidades prosperam, os ecossistemas mudam e como os humanos
estão destruindo este perfeito sistema de funcionamento da Terra que vem sendo usado
por centenas e milhares de anos. E como discurso de formatura, eu vou falar com você
a respeito do nosso futuro e do nosso papel nele e sobre como o que estamos fazendo com o nosso planeta é horrível, mas também sobre as medidas
que estamos tomando para mudar isso. Qual a melhor maneira de encerrar a nossa série
sobre ecologia do que olhando para as áreas de biologia da conservação e ecologia da restauração? Nesta aula, vamos utilizar as técnicas que aprendemos nessas últimas semanas e aplicá-las para proteger o ecossistema e limpar toda a bagunça que já fizemos.
Mas o que nos ensinam é que fazer tais coisas é tão difícil quanto "descozinhar" um pedaço de bacon. Então, vamos olhar para o que estamos fazendo
e tentar "descozinhar" esta grande pilha de bacon que nós fizemos! Nos arredores de Missoula, em Montana, onde eu vivo, temos um "superfund", isso não é um "megafund", tá? Superfund são locais em que há resíduos perigosos e o governo está encarregado de limpar.
Essa bagunça foi feita há mais de 100 anos, quando havia uma barragem no rio Clark Fork, aqui atrás de mim, chamada barragem Newtown.
Esta parte de Montana tem uma longa história de mineração de cobre. Por volta de 1908, houve uma enorme inundação
que despejou cerca de 4,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mina,
repletos de arsênio e metais pesados no rio Clark Fork. E ainda conseguiu poluir todo
o reservatório da barragem Newtown. Na verdade, foi sorte que a barragem
tinha sido construída seis meses antes, senão todo o sistema fluvial,
todo o caminho para o oceano Pacífico, teria virado um rio tóxico. Por sorte, apenas cerca de 160 quilômetros
do rio foram contaminados. Boa parte foi recuperada ao longo do tempo,
mas muitos resíduos tóxicos e perigosos ainda permanecem na barragem Newtown.
Alguns ainda foram desviados para águas subterrâneas, contaminando os poços
de moradores das proximidades. Diversos cientistas passaram décadas estudando
a extensão dos danos causados pela inundação, tentando achar maneiras de repará-los.
De 2006 a 2010, engenheiros removeram todo o sedimento tóxico com muito cuidado, bem como a própria barragem.
Agora, este trecho do rio Clark Fork não está mais contaminado, pela primeira vez em mais de um século. E a área restaurada, onde a represa costumava ser,
está sendo transformada em um parque. Esforços como esse nos mostram
a biologia da conservação e a ecologia da restauração em ação.
A biologia da conservação envolve a medição de biodiversidade de um ecossistema
e determina a forma de protegê-lo. Neste caso, ela foi utilizada para recuperar a saúde
dos peixes do rio Clark Fork, que foi gravemente afetada pelos resíduos contidos na represa.
E ainda havia o bloqueio do acesso às zonas de desova dos peixes para protegê-los enquanto estava havendo
a remoção da represa. Já a ecologia de restauração é a ciência
de restauração de um ecossistema alterado. Por exemplo, como pegar um rio poluído e
transformá-lo nisso que você pode ver aqui atrás. Estes benfeitores, os cientistas,
são mais práticos do que teóricos, mas quando a gente se refere a algo
que está em desordem, você deve saber o que é antes de fazê-lo funcionar. Se algo desse errado com a expansão do universo, nós não seríamos capazes de corrigi-lo,
porque não temos ideia do todo que está fazendo tudo isso acontecer.
Portanto, a fim de corrigir um ecossistema desorganizado, você tem que saber como ele funciona
em primeiro lugar. E o que mantém todos os ecossistemas
em conjunto é a biodiversidade. Naturalmente, a biodiversidade pode significar
muitas coisas diferentes e até agora nós a usamos, geralmente, para relacionar a diversidade de espécies ou a variedade de espécies em um ecossistema. Mas também há outras maneiras de falar
sobre a biodiversidade, que ajuda os biólogos da conservação e os ecologistas da restauração a salvar espécies e reparar ecossistemas. Além da diversidade de espécies, os ecologistas
olham a diversidade genética dentro de uma espécie como também entre as populações. A diversidade genética é importante
porque faz a evolução possível, permitindo a uma espécie se adaptar a novas situações
como doenças e mudanças climáticas. Em um outro nível, a biodiversidade tem a ver
com a diversidade de ecossistemas ou a variedade de diferentes ecossistemas dentro de uma área.
Uma grande floresta, por exemplo, pode hospedar vários tipos diferentes ecossistemas,
como zonas úmidas, montanhosas e aquáticas. Assim como quando eu falei sobre
a sucessão ecológica, um ecossistema desempenhando
diferentes funções é mais resiliente. Então, compreender tudo isso é realmente importante para descobrirmos como reparar o ecossistema que está em desordem. Mas como os biólogos da conservação
obtêm informações sobre o que faz uma parte de um ecossistema e como usá-lá para salvar um local
que está sendo destruído? Há mais de uma maneira de abordar este problema.
Uma delas é chamada conservação de pequenas populações. Essa abordagem se concentra
na identificação de espécies e populações que são muito pequenas
e tenta ajudar a aumentar o seu número e sua diversidade genética.
Baixa população e baixa diversidade genética são um tipo de sentença de morte para uma espécie
e, aí, eles acabam se alimentando uns dos dos outros, o que pode levar a uma extinção
em espiral das espécies. Um exemplo é quando uma pequena populaç ão
sofre de derivação genética e endogamia, que é uma mudança
na sua composição genética global. Isso leva a uma baixa diversidade que, por sua vez, provoca menor taxa de reprodução e altas taxas de mortalidade, tornando a população ainda menor.
Este terrível fato é conhecido pelo termo "vortex de extinção". O próximo passo é descobrir o quanto
uma pequena população é realmente pequena. Os ecologistas fazem isso calculando o que é chamado de "mínimo de uma população viável", que é o menor tamanho em que uma população
pode sobreviver e se sustentar. Para chegar a este número, você tem que saber
a reprodução verdadeira da população de, digamos, ursos pardos de Yellowstone.
E aí você vai ter que descobrir tudo que puder sobre a vida de um urso.
Quanto tempo eles vivem, quando começam a se reproduzir e ainda quantas vezes
eles podem ter filhotes. Depois de tudo isso, a informação é recolhida
e os ecologistas podem colocar tudo em números. Por exemplo, vamos supor
que uma população de 90 ursos teria uma chance de 95% de sobreviver por 100 anos, mas se houvesse uma população de 100 ursos,
a população seria provavelmente capaz de sobreviver durante 200 anos. Mais uma coisa, a ecologia envolve muita matemática. Então, se você tem interesse nisso,
não tem como fugir. Falamos sobre a conservação
de uma pequena população. Outra forma de preservação da biodiversidade
se concentra em populações cujos números estão em declínio, não importando
o tamanho da população original. Isso é conhecido como "conservação de população
em declínio" e envolve responder uma série de questões relacionadas ao problema raiz que está causando o declínio dos números
de um organismo. Primeiro, você tem que determinar
se a população, realmente, está em declínio. Então, você tem que descobrir quão grande
essa população originalmente era e o que isso significava. E finalmente, você tem que descobrir
o que está causando o declínio e descobrir como lidar com isso.
A barragem Newtown, na verdade, nos dá um bom exemplo deste processo. No inverno de 1996, as autoridades
tiveram que liberar um pouco de água atrás da barragem como uma medida de emergência, porque um grande bloco de gelo no rio
estava ameaçando romper a barragem. Mas quando eles liberaram a água,
um grupo de sedimentos de substâncias tóxicas foi com a água, o que elevou as concentrações de cobre do rio em até 43 vezes os valores normais permitidos. Como resultado, estima-se que cerca
de metade dos peixes do rio morreram, metade dos peixes mortos! Os pesquisadores têm monitorado o declínio
da população desde então. Essa informação for realmente útil na determinação do que fazer com a barragem,
porque sabíamos como era a população de peixes antes e após o lançamento de sedimentos. Foi decidido, então, que seria melhor
remover a barragem o mais cedo possível em vez de arriscar outro cenário igual ao de 96. Isso me leva a um lugar onde a biologia da conservação e a restauração ecológica se cruzam.
A ecologia da restauração é uma espécie de corretivo que cruza o caminho
da biologia da conservação. Ela vem com soluções possíveis
para os problemas ecológicos. Agora, a menos que tenhamos uma máquina do tempo, na qual estou trabalhando, nós não podemos obter um ambiente natural exatamente da forma que era, mas você pode,
pelo menos, se livrar de tudo o que está causando esses problemas e ajudar a recriar
alguns dos elementos que os ecossistemas necessitam para funcionar corretamente.
Tudo isso envolve um conjunto de estratégias. Por exemplo, o que está acontecendo em Newtown
é um exemplo de restauração estrutural. Basicamente, a remoção e limpeza de qualquer impacto humano que estava causando o problema, neste caso, a barragem
de sedimentos tóxicos por trás dela. E então, reconstruindo a estrutura natural original:
os meandros do rio, os canais e a vegetação. Outra estratégia é a biorremediação,
que recruta organismos temporariamente para ajudar a eliminar toxinas,
como bactérias que degradam resíduos ou plantas que desviam metais
para fora dos solos contaminados. Alguns tipos de fungos e bactérias
estão sendo utilizados como forma de biorremediar derramamentos de óleo. Ainda existe um outro método um pouco mais evasivo, que é o melhoramento biológico. Em vez de remover substâncias nocivas,
ele envolve a adição de organismos no ecossistema para restaurar materiais que se foram. Algumas plantas ajudam a fixar o nitrogênio, como o feijão e as acácias,
que são freqüentemente usados para restabelecer os níveis de azoto
em solos que foram prejudicados por coisas como mineração ou cultivo demasiado. Tem a adição de fungos micorrízicos,
que ajudam novas plantações. Mas é claro, nós somos apenas seres humanos
e não estamos tão inteligentes mesmo com milhões de anos de evolução.
Às vezes, a gente faz as coisas erradas. Por exemplo, quando você traz espécies invasoras
a um lugar para erradicar outra espécie invasora. Às vezes você, simplesmente, acaba
com duas espécies invasoras em suas mãos, o que faz o ecossistema colapsar
ainda mais rapidamente. A introdução de sapos cururus na Austrália
na década de 1930, para controlar besouros, é um bom exemplo disso. Eles estão em todos os lugares agora
e, pelo fato de serem tóxicos, estão envenenando espécies nativas como cães selvagens que tentam comê-los.
Você sabe o que é. Eu tenho uma ideia. Após passarmos estes dois vídeos
falando sobre os problemas ecológicos, eu cheguei à conclusão de que é mais fácil
proteger os ecossistemas do que tentar corrigi-los. Isso porque sabemos o que fazemos
com os ecossistemas. Então, se gastarmos mais tempo tentando salvá-los
de nós e das coisas que fazemos, vamos gastar menos tempo tentando
limpar a bagunça e, com isso, minimizando o risco de errarmos.
Porque, como sabemos, a triste verdade é: "descozinhar" um bacon é impossível, mas podemos comê-lo!
Obrigado por me acompanhar neste passeio rápido pelo mundo natural. Espero que tenha feito você mais esperto, não apenas para passar em suas provas,
mas também em termos de ser um "Homo sapiens" que habita este planeta com mais sabedoria.